Ele não esteve exatamente tranquilo atuando com o trio do baterista Paul Motian em “ Lost in a Dream (ECM, 2010)”, e continuando seu progressivo relacionamento com Dave Holland. Recentemente foi ouvido como a nau capitânia do quinteto do baixista no Festival de Jazz de Montreux deste ano, porém faz dois anos que Chris Potter lançou “Ultrahang (ArtistShare, 2009)”, seu último trabalho como líder . “Transatlantic” encerra este hiato de gravações de Potter, juntando-o à influente DR Big Band da Dinamarca para um trabalho mais abrasivo dentro de um enfoque orquestral, digamos, menos suingado que a big band de Holland.
Isto não quer dizer que os anos de Potter com Holland não tenha polido seu enfoque para compor e arranjar seu novo repertório, mas a despeito do alinhamento mais próximo de “Transatlantic” à tradição das big bands do que o intimista jazz de câmara do saxofonista em “Song for Anyone (Sunnyside, 2007)”, ele partilha uma propensão similar por timbres coloridos que se iguala a Maria Schneider e Kenny Wheeler. Não obstante, esta música propulsiva no encerramento em 11 minutos de "Rumination", gira em torno de uma pulsação suave do baterista Søren Frost que inicia tumultuoso, mas com uma pegada intencionalmente livre , quando Potter começa um muscular solo de saxofone tenor, que é impulsionado por catorze trompetes, trombones e palhetas, que pontuam em revezamento, antes de uma meia pausa que conduz a um brilhante solo do trombonista Steen Hansen.
Há vestígios da centralidade elétrica de Potter no intricado contraponto "The Steppes" com o guitarrista Per Gade voando ágil, com linhas centradas no bop para momentos dissonantes e marcantes vôos de sobremarchas de abandono, mas isto é um impetuoso e agudo trabalho acústico de uma orquestra, dirigido por uma sólida seção rítmica que, em adição a Frost, é infalivelmente ancorado pelo baixista Kaspar Vadsholt. O pianista Magnus Hjort está impressivamente emocionante , indo além dos esquemas para providenciar reservas para suporte mais efetivos durante passagens onde os metais estão silentes e Potter está solando sobre o núcleo do quinteto como ele faz após Gade em "The Steppes" sobre uma visceral pulsação 9/8, conduzida pela firme batida de Frost.
Deve ser um desafio manter a energia e a inventividade de Potter através de “Transatlantic”, bem como atuar como solista, mas seus anos com Holland e como um líder emergente tem demonstrado ser ele um dos poucos músicos de sua geração capaz de sustentar-se acima de formas duradouras. Diferente da maioria dos projetos de big band , Potter evita solos longos em torno da banda completa como passagem de bastão em revezamento, em vez disto providencia focadas e prolongadas atuações de quatro dos seus membros, em acréscimo a Gade e Hansen, com Frost realizando um solo em ostinato otimamente conduzido e construído em “Abyssinia",enquanto na estruturalmente complexa "New Year's Day", o trompetista Mads la Cour serve , ainda, como potente lembrança de talentos ocultos em muitas esquinas do mundo, apenas esperando ser ouvidos.
“Transatlantic” desenvolve-se intensamente no campo do solo, mas sempre a serviço do detalhado esquema de Potter, que apresenta contínuo crescimento como compositor/arranjador. Ele trabalha majoritariamente como líder em pequenos grupos , porém “Transatlantic” demonstra o incremento do vigor de Potter como líder em qualquer contexto, como compelindo-o para longas formas da sua já perfeita capacidade para inspirar extensas , mas sempre relevantes improvisações.
Faixas: Quick; The Steppes; Interlude; New Year's Day; Narrow Road; Abyssinia; Totally; Rumination.
Músicos: Chris Potter: saxofone, maestro; Anders Gustafsson: trompete; Christer Gustafsson: trompete; Thomas Kjærgaar: trompete; Mads la Cour: trompete; Gerard Presencer: trompete; Vincent Nilsson: trombone; Steen Hansen: trombone; Peter Jensen: trombone; Jakob Munck: trombone; Nicolai Schultz: palhetas; Peter Fuglsang: palhetas; Lars Møller: palhetas; Uffe Markussen: palhetas; Pelle Fridell: palhetas; Magnus Hjort: piano; Kaspar Vadsholt: baixo acústico; Søren Frost: bateria; Per Gade; guitarra.
Gravadora: Red Dot Music
Estilo: Jazz Moderno
Fonte : All About Jazz /John Kelman
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