“Bons Amigos” é um conjunto de composições luminosas e alegres de várias gerações de compositores brasileiros. Sambas saltitantes e suaves bossas novas compõem a parte principal do disco, resultando em uma relaxada mas sincera jam para o trompetista e flugelhornista brasileiro Claudio Roditi e amigos.
Roditi admite tocar “um pouco mais de notas” que o usual aqui, embora ele frequentemente equipare " tocar uma porção de notas com 'dar-lhes brilho´'" . O tempo dobrado nas frases de Roditi na meditativa "Para Nada" prescruta as harmonias da compositora Eliane Elias, antes de simplesmente ostentar sua própria técnica. Na sua composição "Bossa De Mank", os dedos rápidos de Roditi estão brincalhões , mas nunca acima do topo. Seguindo as agressivas linhas bop do pianista Donald Vega, Roditi acalma "Céu e Mar" de Johnny Alf antes de se lançar em seus doces e precisos toques.
A entonação consistentemente calorosa e ampla de Roditi ajusta-se ao seu natural enfoque melódico para interpretar todas as coisas que toca. De acordo com Roditi, isto é também função do instrumento de válvulas rotativas que utiliza, ainda que ele poderia, provavelmente, fazer murmúrios com um instrumento musical de brinquedo. Roditi também considera seu material como composições, antes de apenas tocá-las. Na faixa título do disco , ele pega a sua vez e demonstra carinho com a terna melodia de Toninho Horta, antes improvisando sua própria canção sem palavras. O rico registro baixo de Roditi e o violão de Romero Lubambo leva "Fantasia" através de diversas variações impressionísticas, ainda que nunca descarte inteiramente o tema bem configurado.
Roditi cerca-se de músicos que são seguros o bastante para ocasionalmente deixar seus talentos serem sentidos em vez de ouvidos. A introdução rapsódica de Vega para "Bons Amigos" propaga-se através de seus sussurros complementares atrás dos seus colegas. Seu entusiasmado , inspirado em acordes de Bill Evans ao lado do sensível trabalho das vassourinhas de Mauricio Zottarelli, suporta o tristonho vocal de Roditi em “Lígia” de Antonio Carlos Jobim. Intercambiando com o grupo nos numeros mais rápidos, Zottarelli incorpora suíngue, bop e excitamento latino sem superaquecimento. O baixista Marco Panascia contribui com lúcidos solos e riffs mais rápidos inspirados na guitarra.
Ao lado da potente "O Sonho" de Egberto Gismonti, o grupo, em tom menor, pinta-a com cores e ideias , mas raramente força os limites. "Amandamada" inclui um tema entalhado e um solo harmonicamente extenso de Roditi sobre um samba despreocupado. Mesmo o tradicional suingue de "Levitation" tem um ar tropical despreocupado . Tamir Hendelman é creditado como arranjador em várias faixas, mas seu modelo são similarmente desembaraçados.
“Bons Amigos”termina com ritmos de carnaval de "Piccolo Samba" e Roditi utiliza o piccolo trumpet, antes de atingir o clímax no diminuto instrumento. Roditi apresenta-se nas notas mais altas e mistura efeitos sonoros como se estivesse sorrindo por trás.Ele está feliz , porém não afetado. Claudio Roditi e seus amigos não estão preocupados com a exibição , exceto com o entusiasmo , a melodia e o som assustadoramente humorado.
Faixas: O Sonho, Para Nada, Bossa De Mank, Ceu E Mar, Bons Amigos, Ligia, Levitation, Fantasia, Amandamada, Piccolo Samba.
Músicos: Claudio Rodit: trompete, flugelhorn e piccolo trumpet; Romero Lubambo: violão e guitarra; Donald Vega: piano; Marco Panascia: baixo; Mauricio Zottarelli: bateria; Tamir Hendelman: arranjadorr (1, 2, 5, 8, 9).
Gravadora: Resonance Records
Estilo: Straightahead/Mainstream
Fonte ; All About Jazz /Andrew J. Sammut
Nenhum comentário:
Postar um comentário