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domingo, 2 de outubro de 2011

CHICK COREA / STEFANO BOLLANI - ORVIETO (2011)








Se a combinação de dois instrumentos de cordas—guitarra e piano ou vibrafone e guitarra—pode provar um significante desafio na música improvisada, então, seguramente, o duo de piano é o mais exigente de todos. Nenhum outro instrumento tem uma extensão de sétima e um quarto de oitava, tocado com oito dedos e dois polegares , criando maiores riscos de fracassos harmônicos, melódicos e rítmicos.



O pianista Chick Corea tem explorado o vasto potencial harmônico do duo de piano, mais que a maioria, iniciando com “An Evening with Herbie Hancock and Chick Corea: In Concert (Columbia, 1978)”, que veio a ser como algo surpreendente para aqueles mais familiarizados com as escapadas funk e fusion dos pianistas. Corea tem, entretanto, feito “confusões” estilísticas desde o início daquela década, e seus álbuns eletrificados com o Return to Forever venderam bastante, assim como ficou clássico o seu celebrado dueto com o vibrafonista Gary Burton, “Crystal Silence (ECM, 1973”. Desde seu duo com Hancock, Corea gravou, também, com outros pianistas—indo de Friedrich Gulda e Nicolas Economou a Gonzalo Rubalcaba e a pretensiosa japanosa Hiromi—porém nenhum tomou o absoluto risco e produtivo como as recompensas jubilosas de “Orvieto”, seu primeiro álbum com Stefano Bollani.



Aproximadamente com a metade da idade de Corea, a estrela de Bollani tem ascendido na década passada, primeiro com o trompetista Enrico Rava e com suas próprias gravações pela ECM , em particular “Piano Solo” de 2007, que se juntou ao precursor cânone do selo alemão de piano solo, iniciado por Corea com “Piano Improvisations Vol. 1 (1971) e Vol. 2 (1972)”. Um pianista de rara inventividade. O que distingue Bollani de seus pares é uma endiabrado capacidade para combinar excessiva brincadeira com virtuosidade e conhecimento enciclopédico, bem como a capacidade de impulsionar seus parceiros para a proximidade musical da galhofa, além da sua ressonante profundidade e , frequente, elevada beleza.



A efervescência de Bollani encaixa-se perfeitamente com o enfoque travesso de Corea em suas improvisações ,em torno de standards ao longo de sete décadas , e composições próprias como a frequentemente gravada "Armando's Rhumba", aqui elevada à glória suprema pelos pianistas, que manobram o impossível, concluindo os pensamentos de cada um em fantástica unissonância, e acompanhando-se , além de adotar caminhos que dá uma falsa ideia de que fogem dos ensaios. "Jitterbug Waltz" de Fats Waller tem raramente soado vigorosa, suingada com viva energia como se eles se movessem, sem esforço, entre performances solo individuais e em conjunto . Mais uma vez estas performances apresentam uma contínua espontaneidade. É menos sobre o individual e mais sobre o coletivo, que se move com desembaraçada liberdade em meio a vagas estruturas definidas.



Distnito da maioria das gravações de duos, Bollani e Corea não estão separados dentro de canais esquerdo e direito. Em vez disto os dois instrumentos convergem em direção ao centro dos mais baixos aos mais altos registros, dando a “Orvieto” um maior sentimento de equilíbrio, na base do “vocês estão lá”, mas lá não há plateia ao lado dos pianistas.Aqueles familiarizados com os instrumentistas não terão dificuldades nas suas identificações. Para aqueles que não estão, tem alguma importância?. Em vez disto, o que faz “Orvieto” por demais apreciável é a sua extraordinária empatia, telepatia e sincronia—simetria,exata, às vezes— menos que um duo e mais que uma memorável mescla de mentes musicais para um significativo e singular propósito.



Faixas: Orvieto Improvisation No. 1; Retrato Em Branco E Preto; If I Should Lose You; Doralice; Jitterbug Waltz; A Valsa Da Paula; Orvietio Improvisation No. 2 / Nardis; Este Seu Olhar; Darn That Dream; Tirititran; Armando's Rhumba; Blues in F.



Músicos: Chick Corea: piano; Stefano Bollani: piano.



Gravadora: ECM Records



Fonte : All About Jazz / John Kelman

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