Tendo ao longo do tempo mantido sua genialidade em revista, “Tribe” encontra o prolífico e legendário trompetista italiano de jazz mais maduro , Enrico Rava , no topo do seu jogo lírico. Um firme discípulo do famoso Miles Davis, Rava reuniu um novo quinteto para um lançamento de profundidade emocional e estrutural, junto com algumas surpresas em comparação com o mais introspectivo “New York Days (ECM, 2009)”. O enigma musical desdobra-se com belas baladas, com explosão de fúria sônica e solos atraentes, às vezes dançando próximo à margem do free jazz sem jamais ultrapassar seu despenhadeiro sônico.
Similar ao grande Art Blakey, Rava possui um aguçado olhar para o talento. A incrível sensibilidade de Giovanni Guidi e toque esperto para uma balada feita sob medida para a inventividade do estilo lírico de Rava, a mão suave do pianista tem a sua excelência na cinemática balada "Tears For Nada". Dentro do espírito de manter as coisas frescas, a despeito do repertório, em alguns casos, datando de 30 anos atrás ou mais, Rava recruta o jovem baixista promissor Gabriele Evangelista que, junto com o veterano baterista Fabrizio Sferra, completa uma estelar seção rítmica. O cenário do free jazz/avant-garde é explorado em "Cornettology" uma justa homenagem aos gênios de Ornette Coleman e Don Cherry, enquanto apropriadamente referencia o progenitor do bebop,Charlie Parker, com a citação da sua "Ornithology".
A tensão dinâmica entre Rava e o trombonista Gianluca Petrella na linha de frente faz a ponte entre a disparidade da marca do estilo tradicional da ECM e o desenvolvimento mais harmônico, sendo que a estética do post-bop norte-americano parece perfeitamente ajustada a Rava. Entretanto, este é um enfoque refletidamente introspectivo, que ocasionalmente margeia a melancolia, porém nunca de forma mal-humorada. “Tribe” contém a variedade necessária para iluminar um dos melhores grupos de trabalho de Rava, incluindo a encantadora adição da estrela em ascensão, o guitarrista Giacomo Ancillotto, cujas proezas estão espalhadas em toda parte em que atua, agregando grande textura e qualidade mais orgânica pelas quais a ECM e o lendário produtor Manfred Eicher são famosos.
Desde o retorno à ECM em 2003, Rava tem feito alterações artísticas e encontrou uma marca de excelência musical. Sendo assim, ele é o perfeito artista da ECM. Rava não está tentando definir seu som através dos expedientes da crítica convencional. Em vez disto ele explora seu som com variedades e sutilezas reflexivas que o tornou merecedor de todo o respeito. Colocando frescor nas velhas canções através dos membros da banda e criando formidáveis trabalhos novos, “Tribe” é um retrato musical de um artista ainda comprometido com a ilustração criativa e a oportunidade para compartilhar este presente com o mundo.
Faixas: Amnesia; Garbage Can Blues; Choctaw; Incognito; Cornettology; F. Express; Tears For Neda; Song Tree; Paris Baguette; Tribe; Improvisation.
Músicos: Enrico Rava: trompete; Gianluca Petrella: trombone; Giovanni Guidi: piano; Gabriele Evangelista: baixo; Fabrizio Sferra: bateria; Giacomo Ancillotto: guitarra (1, 6-8).
Gravadora: ECM Records
Estilo: Jazz Moderno
Fonte : All About Jazz / Brent Black
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