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quinta-feira, 22 de março de 2012

MARINA DE LA RIVA - IDÍLIO



Tal como o Mercosul anda aos tropeços, não são fluidas as
relações com a latinidade musical no País, mais afeito ao sotaque anglo-americano do rock, funk e rap. Carioca, filha de mineira e cubano exilado, a cantora Marina de la Riva protagoniza uma espécie de elo entre as culturas apartadas desde o disco de estreia, em 2007. Intitulado com uma
palavra comum aos dois idiomas, Idílio, cinco anos depois, prossegue neste viés integracionista, mas sem didatismo. São nove faixas em espanhol e cinco em português, com saudável assimetria nas escolhas e abordagens. Como o rock “Estúpido
Cupido”, de Neil Sedaka, estouro da pioneira Celly Campelo, num delicioso figurino rumbeiro, providenciado pelo pianista e arranjador cubano, radicado em São Paulo, Pepe Cisneros. Ausência, esquecido samba de Maria Medalha e Vinicius de Moraes, de 1972, vira bolero. E a síncopa da bossa vinca “Como Duele Perder-te”, êxito da salseira pop Gloria Stefan.

Cubano premiado com o Grammy no ano passado, Amaury Gutierrez fornece a bailarina “Voy a Tatuarme”.O tres cubano de Papi Oviedo e o baixo de Fabián Garcia formado na orquestra de Enrique Jorrin, papa do chachacha, encordoam a candente “Canción de las Simples Cosas”, gravada em Havana, em 2009, no Festival de Boleros de Oro.

O lado brasileiro de Marina palpita num arrebatado “Assum Preto”, marco de Luiz Gonzaga, e na repescagem de antigos sambas como “Deixe Que Amanheça (Oswaldo Santiago)”, êxito de Emilinha Borba, de 1949, e “Juracy (Antonio Almeida/ Cyro de Souza)”, gravado por Roberto Silva, em 1958. Épocas e distâncias encurtadas pela cálida e jovial Marina de la Riva.

O REPERTÓRIO
• Añorado encuentro, Piloto Bea e Vera Morua
• Ausência, Maria Medalha e Vinicius de Morais
• Assum preto, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
• Canción de las simples cosas, Armando Tejeda Gómez e Cesar Isella
• Como duele perderte, Flores
• Y, Mario de Jesus
• Juracy, Antonio de Almeida e Cyro de Souza
• Estúpido cupido, Neil Sedaka e Howard Greenfield, em versão de Fred Jorge
• Deixa que amanheça, Oswaldo Santiago
• Dile que por mi no tema, T. Smith
• Muñeca, Eddie Palmieri
• Idílio, de Titi Amadeo
• Voy a tatuarme, Amaury Gutiérrez
• Voy a guardar mi lamento, Raul Vasquez

Fonte: CartaCapital / TÁRIK DE SOUZA

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