
Se há um embaixador não oficial para o jazz contemporâneo, Esperanza Spalding poderia,
maravilhosamente, assumir o posto. A jovem baixista, cantora e compositora traz uma revigorante exuberância marcada pelo seu prodigioso talento, honrando aqueles que abriram os caminhos,ainda buscando sua própria trajetória. Recebendo o Grammy de 2011 para “ Maior Revelação” ou brilhando, em 2012, com prêmio na Academia, em uma extraordinária e memorável performance, está surfando na onda de um merecido reconhecimento.
Em “Chamber Music Society (Heads Up International)” lançado em 2011 diante de um trio de jazz com uso clássico de cordas e voz, seguido pelo lançamento de “Radio Music Society “ revela a paixão de Spalding por formas de música pop . Houve um tempo em que jazz e música pop , às vezes, compartilhavam as ondas sonoras de um
mesmo programa, porém aquilo era um tópico completamente diferente. Como está provado em seus lançamentos anteriores, ela está sendo muito convincente em quase todo trabalho, enquanto apresenta suas extravagâncias e estilo sofisticado nos programas.
O trabalho é um autêntico songbook sobre como Spalding externa a dualidade perigosa do seu sublime canto e baixo suingante com alguma ajuda de uma impressiva lista de artistas. Há a ebuliente "Radio Song" que interpreta um maravilhoso arranjo com harmonias vocais na linha do Manhattan Transfer e Take 6, ou surpresas prazeirosas tais como o sucesso de Michael Jackson "I Can't Help It", composto por Stevie Wonder, com notas estridentes do saxofonista Joe Lovano.
Ainda há múltiplas qualidades no trabalho composicional de Spalding. Harmonias contrapontuais estão presentes em "Cinnamon Tree" , que transita do campo da balada para um funk misterioso providenciado pelo guitarrista Jef Lee Johnson. Mas há também consciência social nas palavras edificantes em "Black Gold", dedicados aos jovens negros , ou a agridoce ironia de "Land Of The Free"— delicadeza encontrada na suave voz de Spalding, ainda que verdades implacáveis sejam ditas na letra, que fala das injustiças do sistema de justiça criminal.
Se há uma canção destoante, é a despreocupada estória de um inevitável rompimento em "Let Her". Porém, há também momentos de significativo brilho como em "Vague Suspicions", cujo vídeo está disponibilizado em uma edição de luxo, que é simplesmente excitante, como a música traz para a vida cenas de serenidade e perdas a partir de visões opostas. Há uma pletora de boa música do começo ao fim do disco: acompanhamento improvisado e funkeado dos instrumentos de sopro; uma pegada da fusão eletrônica dos anos 80 como em "Endangered Species" de Wayne Shorte, onde Spalding exibe sua habilidade no baixo elétrico, e algo deslumbrante à la Lena Horn em "Hold On Me" em uma sofisticada exibição de big band.
Não ajustado puramente dentro da música pop ou no jazz , o trabalho pode apresntar uma charada para alguns fãs e críticos, mas os interesses de Spalding são claramente diversos. Ela é mais do que uma bela face que pode cantar e tocar o que todos querem. Suas palavras e música , como prosseguem em “Radio Music Society “, estão contando novas estórias em sua
própria voz.
Faixas: Radio Song; Cinnamon Tree; Crowned & Kissed; Land of the Free; Black Gold;
I Can't Help It; Hold On Me; Vague Suspicions; Endangered Species; Let Her; City of Roses; Smile Like That.
Músicos: Esperanza Spalding: vocal, baixo acústico e elétrico; Leo Genovese: piano, Rhodes, guembri, teclados (1-3,6,8-12); Terri Lyne Carrington: bateria (1-3, 5,9, 11); Anthony Diamond: saxofone (11); Q-Tip: vocals, glockenspiel (11); Jamie Haddad: percussão (1); Gretchen Parlato: background vocals, fala (1, 6, 10); Raydar Ellis: fala, sons (10); Leni Stern: background vocals (10, Becca Stevens: background vocals (1, 6);Justin Brown: background vocals (1, 6); Alan Hampton: background vocals (1);Chris Turner: background vocals (1); Darren Barrett: trompete(1, 2, 3, 9, 10,12); Jeff Galindo: trombone (1,3,8,10, 12); Daniel Blake: saxofones, flauta,(1, 2 ,3 ,8 ,9, 10); Jef Lee Johnson: guitarr a(2, 9); Olivia Deprado: violino:(2); Jody Redhage: viola (2); James Weidman: órgão (4); Algebra Blessett: vocal (5); Savannah Children's Choir: coral (5); Lionel Loueke: guitarra, voz (5);Raymond Angry: órgão (5); Tivon Penicott: saxofone tenor (5); Igmar Thomas: trompete(5);Corey King: trompete (5); Joe Lovano: saxofone tenor (6); Ricardo Vogt: guitarra (6, 8, 10); Lyndon Rochelle: bateria (6); Janice Scroggins: piano (7); Billy Hart: bateria (7); Jack DeJohnette: bateria (8, 10, 12); Lalah Hathaway: vocal (9); Gilad Hekselman: guitarra (12).
American Music Program (Big Band): Kama Bell:clarinete (1, 7, 11); Andrew Olsen: saxofone alto (1, 7, 11); John Carey: alto saxophone (1, 7,11); Adam Reihs: tenor saxophone (1, 7, 11); Kyle Zimmerman: saxofone alto (1,7, 11); Renato Caranto: saxofone alto (1, 7, 11); Stanley Matabane: saxofones tenor e alto (1, 7, 11); Nicole Glover: saxofone tenor (1, 7, 11); Jeff Rathbone: saxofone barítono (1, 7, 11); Benjamin C. McDonald: trompete (1, 7, 11); Benjamin Seacrest: trompete (1, 7, 11);Sam Seacrest: saxofone alto (1, 7, 11);Noah Conrad: trompet e(1, 7, 11); Hayden Conrad:tenor saxofone (1, 7, 11); Tre Palmedo: trompete(1, 7, 11); Noah Hocker: trompete (1, 7, 11); Kiran Bosely:trompete (1, 7, 11); Stan Bock: trombone (1, 7, 11); Dan Brewster: trombone (1,7, 11); Jerry Stalnaker:bass trombone(1, 7, 11); Ian Garner: trombone (1, 7,11);Javier Nero: trombone (1, 7, 11); Matt Warming: trombone (1, 7, 11); Ashton Summers: trombone (1, 7, 11); Aaron Reihs: saxofone tenor (1, 7, 11).
Gravadora: Heads Up International
Estilo:Straight-ahead/Mainstream
Fonte : All About Jazz / MARK F. TURNER
Nenhum comentário:
Postar um comentário