
A rabeca é o violino
do homem do campo. Longe das orquestras e dos concertos, perto da terra e das
noites de lua, esse instrumento, mais antigo que o primo rico, dá vazão à
musicalidade do caboclo brasileiro. Originado no mundo árabe do Norte da
África, chegou ao Brasil via Península Ibérica. Em Pernambuco, encontrou terra
fértil. Lá, rabecas passam de pai para filho, bem como a arte de tocar e
construir os instrumentos.O álbum Rabequeiros de Pernambuco, produzido por
Cláudio Rabeca, potiguar radicado no Recife, traça um panorama da produção
local, contemplando regiões, padrões rítmicos e gerações de músicos. O CD duplo
traz 24 rabequeiros. Siba Veloso, Renata Rosa, Murilo Silva e Cláudio Rabeca
dividem espaço com guardiões da tradição, os mestres Luiz Paixão, Antônio
Teles, Zé de Bibi, Araújo e Manoel Pereira.
A tradição do baião e
o ritmo folclórico do cavalo-marinho de bombo dividem espaço com a música
experimental. O Baião Novo, do veterano Luiz Paixão, a Rabeca Enxerida, do
produtor Cláudio Rabeca, A Roda do Vento, de Renata Rosa, e o Prelúdio Amoroso,
de Agaia Costa, são um brinde a Seu Dedé, de Gustavo Azevedo, e Seu Bartolomeu,
de Murilo Silva. Os Caminhos, de Sonia Guimarães, levam a um Chorinho em
Juripiranga (Pedro Côra) ou a uma Ciranda Amarela (Marcio Viana e Maciel
Viana).
As rotas sonoras
nascem da madeira forjada pelos luthiers, fundamentais na cultura da rabeca. A
maneira com que os instrumentos são talhados e a madeira utilizada contribuem
para a sonoridade única. O disco é dedicado aos artesãos Mané Pitunga, Mestre
Salustiano e Mané Gomes.
Fonte : Carta Capital/ André Carvalho
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