Dave Douglas é um implacável inovador. Em 2005, o
trompetista lançou sua gravadora, Greenleaf Music ,para se manter em compasso com sua vasta produção
composicional e apresentar sua música aos ouvintes de forma mais eficiente. Veio
a Greenleaf Portable Series no verão
norte-americano, o primeiro dos três volumes , onde Douglas se apresenta
turbulentamente com diferentes bandas, e agora foi lançada uma edição limitada
de uma caixa com três CDs , intitulada “Three Views”.
Para o Volume 1, “Rare Metals”, Douglas está runido com seu
grupo antigo Brass Ecstasy—Vincent Chancey, French horn; Luis Bonilla,
trombone; Marcus Rojas, tuba; Nasheet Waits, bateria— para o terceiro álbum
deles. “Town Hall” inicia o disco de seis faixas e é a mais tradicional , com
ecos dos tempos antigos de New Orleans tornado modernista por Bonilla sobre a
parte guia, então passa para as mãos de Douglas para um vigoroso encerramento.
“Thread”, um tributo de Douglas a Henry
Threadgill, é a peça mais avant-garde , e uma das melhores. “Safeway”, uma elegia
alcançada e impulsionada lentamente pelas melancólicas vassourinhas de Waits,
foi composta durante a residência de Douglas, em 2011, na Copland House para registrar o ataque à congressista
Gabrielle Giffords ocorrido no Arizona. A única música do disco
não composta por Douglas, é “Lush Life” de Billy Strayhornm que ganhou novas harmonias
dele e alguns momentos da banda prestando um respeitoso tributo. O Volume 2, “Orange Afternoons”, é um trabalho de um quinteto estelar apresentando Ravi Coltrane no sax, Vijay Iyer no piano, Linda Oh no baixo e Marcus Gilmore na bateria. É o mais instrumentalmente convencional e moderno disco dos três, porém há uma singularidade para as composições e interpretação em que se sente a similaridade com as brilhantes sessões de Andrew Hill pela Blue Note nos anos 60. “The Gulf”, outra triste menção de Douglas à recentes tragédias norte-americanas, inicia (e encerra) com o meditativo piano de Iyer, com Douglas e Coltrane unindo-se logo para exprimir o arrojado tema e apresentar os solos. Oh, baixista, cujos próximos álbuns farão parte da Greenleaf Portable Series, brilha, mantendo o controle e solando na animada “Valori Bollati”. Coltrane, Gilmore e Iyer sobressaem em “Solato”, a mais tempestuosa interpretação soando à la Cecil Taylor. A surdina de Douglas dá à faixa título uma lenta e imponente vibração à la Miles, e é primordialmente focada no colorido; Iyer, aqui, atua a meio caminho entre o seu lirismo em “The Gulf” e sua força em “Solato” . E Douglas faz um bom uso do seu periodo como participante de júri no encerramento do trabalho com “Frontier Justice”.
O Volume 3, “Bad Mango”, é o que está mais distante do conjunto,
mas é indiscutivelmente o mais animado. Douglas está acompanhado pelo quarteto modern So Percussion: Josh
Quillen, Adam Sliwinski, Jason Treuting e Eric Beach. O Douglas e seu
trompete flutuam sofisticados, com acompanhamento polirítmico de um órgão de
tubo, steel drums, carrilhão, marimba, serrote musical e outros grupos de
instrumentos de percussão. É uma performance tacIturna, bem conduzida, porém
funciona , e o senso é de que não deve, em qualque ponto, ser introduzido um
corte cômico ao processo habilmente conduzido pelo título simplório do disco.
Fonte :
JazzTimes / Bill Beuttler
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