playlist Music

domingo, 16 de setembro de 2012

BRAD MEHLDAU TRIO – WHERE DO YOU START (2012)


Após o brilhante “Ode (Nonesuch, 2012)”, o primeiro disco totalmente realizado com composições originais do pianista Brad Mehldau com seu trio atual, ele vem com “Where Do You Start”, apartada das mesmas sessões de gravação , com exceção de uma música de Mehldau , com material composto por terceiros. Esta não é a primeira vez que Mehldau tem dividido uma particular sessão produtiva sob a mesma linha composicional : “Anything Goes (Warner Bros.)” e “House on Hill (Nonesuch)” vieram das mesma sessões, gravadas com o baterista  Jorge Rossy, antes dele deixar o trio para retornar para a Espanha. Porém os dois foram gravados com um intervalo de dois anos —“ Anything” em 2004 com canções de terceiros e “ House” exclusivamente com composições originais, enquanto que “Where Do You Start “ vem apenas seis meses após “Ode”.
De certo modo, esta espécie de cronograma acelerado de lançamentos pode ser um problema, mas o guitarrista Bill Frisell tem provado do esquema de qualquer forma com quatro álbuns em um espaço de menos de trinta meses, do belo “Beautiful Dreamers (Savoy Jazz, 2010)”  até “Floratone II (Savoy Jazz, 2012)”. Caso você  seja fã ardoroso, pode ser mais ativo com a programação dos lançamentos. A despeito de fazer parte de outra geração, similarmente à rápida ascensão de Mehldau, desde sua primeira aparição no início dos anos 90, dentro de um espaço nobre ocupado, no seu caso, por pianistas como Keith Jarrett, Chick Corea e Herbie Hancock, o resultado direto é uma discografia com abundância de sucessos  e sem omissão no que falar.

Claro que há uma diferença quando Mehldau e seus antigos companheiros , o baixista Larry Grenadier e o baterista Jeff Ballard manejam o material já conhecio em relação às composições originais, entretanto  o ecletismo da seleção de músicas de “Where Do You Start”, indo do batido standard  "Airegin"  do saxofonista Sonny Rollins (apresentada como um videoclipe rápido com a familiar melodia escorrendo lentamente) ao sucesso de Billy Roberts produzido para Jimi Hendrix, "Hey Joe" (surpreendentemente  literal, mesmo conduzido pelos familiares riffs da  guitarra psicodélica da legenda), providenciam e encorajam a mesma flexibilidade e liberdade das próprias composições de Mehldau. A peça solo de  Mehldau, "Jam", é, realmente, apenas um acompanhamento improvisado que etiqueta  o final de uma suave leitura de "Samba E Amor"  de Chico Buarque, apresentando um extenso , mas maravilhosamente contido solo , que reafirma o lugar em que o pianista nunca deixou de estar.

 Naturalmente, Mehldau incendeia copiosamente em outras partes, com uma espécie de alarmante técnica de uso das duas mãos , que o distingue de muitos outros. Seu "Hey Joe" pode ser relativamente fiel, como é  "Got Me Wrong" , porém o sucesso de  Alice in Chains provoca uma mudança em seu impressivo solo de abertura, para o pianista é uma elevada marcação de compasso para o resto da sessão. De um suave olhar sobre "Holland" de  Sufjan Stevens, que é uma reserva extra para Grenadier apresentar suas escolhas perfeitas, a uma composição mais straight-ahead de "Brownie Speaks"  do trompetista Clifford Brown (mais ainda com Mehldau apresentando uma pegada como se fosse uma fuga), e um particularmente lírico encerramento com a faixa título de Mandel/Bergman/Bergman ,” Where Do You Start”  não é só mais uma alternativa, ele vai além das evidências, como se fosse necessário, da tremenda capacidade deste trio em utilizar qualquer material, velho ou novo, apropriado ou original, e transformá-lo consistentemente como seu.

Gravadora: Nonesuch Records

Estilo: Jazz Moderno
Faixas: Got Me Wrong; Holland; Brownie Speaks; Baby Plays Around; Airegin; Hey Joe; Samba e Amor; Jam; Time Has Told Me; Aquelas Coisas Todas; Where Do You Start?

Músicos: Brad Mehldau: piano; Larry Grenadier: baixo; Jeff Ballard: bateria.
Para conhecer um pouco deste trabalho assistam ao vídeo abaixo

Fonte : JazzTimes /JOHN KELMAN

Nenhum comentário: