
Formado pelo multi-instrumentista brasileiro, Egberto
Gismonti, o baixista americano Charlie Haden e o saxofonista norueguês Jan
Garbarek, O Trio Mágico lançou dois discos. Um deles em seu próprio nome , e
outro intitulado Folksongs, ambos em 1979 pelo selo ECM, do produtor alemão
Manfred Eicher , empenhado em registrar a “música melhor que o silêncio”.
A eloquente voz instrumental do grupo volta a ser ouvida
mais de 30 anos depois (e pode resultar
num reagrupamento do trio) com a redescoberta do registro de um concerto na
Amerika Haus, de Munique , em 1981. De qualidade técnica límpida, o CD duplo foi intitulado Carta de Amor,
como uma mensagem enviada do passado numa garrafa desembarcada na praia. Não há
standards, apenas material autoral dos três, proposta capaz de promover o
encontro de conceitos, estilos e identidades, acima do evidente virtuosismo.De seu projeto engajado Liberation Music Orchestra, Haden contribui com La Pasionaria, de tonalidades ibéricas e sons imponentes mais a descontruída All That Is Beautiful, flerte com o jazz free e a atonalidade. Garbarek vasculha o folclore norueguês na lírica Folksong, esbatida por cordas de viola e baixo, e na aguda e farpada Spor.
De Gismonti são os demais seis temas , entre eles duas versões
da espacial e ampla faixa título,. Em Cego Aderaldo, de entonação arábe
nordestina, ele conduz o trio ao folk brasileiro, embora a léguas do
regionalismo. A rendilhada Branquinho acama um discurso melódico do sax,
enquanto Don Quixote acolhe pinceladas sonoras expressionistas. Palhaço fornece
a apoteose de um disco em que as encruzilhadas estéticas sugerem novos pontos
de partida.
Faixas
Disco: 1 1. Carta de Amor
2. La Pasionaria
3. Cego Aderaldo
4. Folk Song
5. Don Quixote
6. Spor
2. All That Is Beautiful
3. Palhaço
4. Two Folk Songs
5. Carta de Amor, var.
Fonte: CartaCapital / Tárik de Souza
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