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sábado, 27 de outubro de 2012

JOSÉ PAULO BECKER E MARCOS SACRAMENTO – TODO MUNDO QUER AMAR


A princípio, eram algumas canções para disponibilizar na Internet. Virou um dos mais lindos discos lançados recentemente nestas plagas. O compositor e instrumentista é José Paulo Becker, um dos maiores violões do Rio de Janeiro e do mundo; o letrista é nada mais nada menos que Paulo César Pinheiro, e o cantor, ora, o cantor é quem manda no samba por esses dias, ou seja, Marcos Sacramento.
Trata-se de Todo Mundo Quer Amar, de José Paulo Becker e Marcos Sacramento. Um desses discos que tiram a respiração de quem ouve. Daquelas coisas que a gente tem a impressão de que ,um dia , num futuro bem lá na frente , ainda vai contar. “Ah, eu tava lá e ouvi assim que saiu”. O exagero se deve a várias coisas separadas e todas juntas.

O fato de somar tantos talentos num mesmo balaio nem sempre garante ou justifica um grande disco . Água não se mistura com azeite. O bom de Todo mundo Quer Amar foi o amálgama, a liga, o jeitão de samba moderno com um pé na tradição.
Os três têm em comum a profunda paixão pelo Rio, seus sambas e suas gentes. O violão de Becker tem o suingue perfeito para as escapadas e meandros da incrível voz de Sacramento. Não é de hoje que os dois vêm juntos .O disco anterior do cantor, Na cabeça, traz o inusitado acompanhamento, único e tão somente, dos violões de Luís Flávio Alcofra, Rogério Caetano e, é claro, o mesmo Becker.
Desta vez,no entanto, Becker sai da cozinha e vai para a sala. E , em alto estilo, como compositor e parceiro de Paulo César Pinheiro. A qualidade das composições revela uma faceta até então desconhecida do autor. São sambas divertidos, matreiros e prá lá de ricos. Daqueles que lembram Baden e Vinícius, ou seja, daqueles que dançam e falam sério ao mesmo tempo. Bem que mereciam mesmo um intérprete do nível de Sacramento. Assim foi feito.

Aos dois se somaram músicos de primeira , que, sob a batuta do próprio Becker, encantaram ainda mais os lindos sambas,choros, canções e tudo mais que o valha. O resultado final é de espantar. Todo Mundo Quer Amar tem um som único, vigoroso e econômico, execuções primorosas e um sabor intenso. É música brasileira da melhor linhagem feita no melhor estilo. A impressão que dá é que a realização do disco encontrou, como por encanto, todos os seus autores em estado de graça.
As letras de Paulo César Pinheiro, poeta maior do samba , falam de amor. De amor vivido, amor chorado, realizado, desfeito, falam enfim de amor de todos os jeitos. Vão da mais profunda dor à melhor das alegrias, brincam e falam sério.

No final das contas, ao ouvinte resta, antes de retornar ao início, uma gratidão imensa. Todo Mundo Quer Amar, como já foi dito no início, é um disco lindo, de quem tá de bem com a vida, vive pra saber e anda por aí, com talento de sobra para contar como é que é.
Participações: Rogério Caetano (violão 7 cordas), Leandro Braga (piano), Bebê Kramer (acordeon), Márcio Almeida e Luciana Rabello (cavaquinhos), Humberto Araújo, Fabiano Segalote, José Arimatéa, Silvério Pontes e Rui Alvin (sopros), Pedro Aune (baixo) e Flavinho Miúdo, Bernardo Aguiar, Paulino Dias e Marcelinho Moreira (percussões).

Fonte: Revista Fórum / Julinho Bittencourt

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