A princípio, eram algumas canções para disponibilizar na
Internet. Virou um dos mais lindos discos lançados recentemente nestas plagas.
O compositor e instrumentista é José Paulo Becker, um dos maiores violões do
Rio de Janeiro e do mundo; o letrista é nada mais nada menos que Paulo César
Pinheiro, e o cantor, ora, o cantor é quem manda no samba por esses dias, ou
seja, Marcos Sacramento.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwn4PatZsWapCb0KFzlYzAuT1ljzQpbEGMAXSyGc2Vosd-kFGSSyl2clwUceUXOIKh0v3sGY8V1Uh7acxExL5i-TpVFGSx9-9PGuTap181FauXTQb_FvGBBb-EQRVHdcGDnDu07VcHk7k/s320/ze_paulo_becker_e_marco_sacramento.jpg)
O fato de somar tantos talentos num mesmo balaio nem sempre
garante ou justifica um grande disco . Água não se mistura com azeite. O bom de
Todo mundo Quer Amar foi o amálgama, a liga, o jeitão de samba moderno com um
pé na tradição.
Os três têm em comum a profunda paixão pelo Rio, seus sambas
e suas gentes. O violão de Becker tem o suingue perfeito para as escapadas e
meandros da incrível voz de Sacramento. Não é de hoje que os dois vêm juntos .O
disco anterior do cantor, Na cabeça, traz o inusitado acompanhamento, único e
tão somente, dos violões de Luís Flávio Alcofra, Rogério Caetano e, é claro, o
mesmo Becker.Desta vez,no entanto, Becker sai da cozinha e vai para a sala. E , em alto estilo, como compositor e parceiro de Paulo César Pinheiro. A qualidade das composições revela uma faceta até então desconhecida do autor. São sambas divertidos, matreiros e prá lá de ricos. Daqueles que lembram Baden e Vinícius, ou seja, daqueles que dançam e falam sério ao mesmo tempo. Bem que mereciam mesmo um intérprete do nível de Sacramento. Assim foi feito.
Aos dois se somaram músicos de primeira , que, sob a batuta
do próprio Becker, encantaram ainda mais
os lindos sambas,choros, canções e tudo mais que o valha. O resultado final é
de espantar. Todo Mundo Quer Amar tem um som único, vigoroso e econômico,
execuções primorosas e um sabor intenso. É música brasileira da melhor linhagem
feita no melhor estilo. A impressão que dá é que a realização do disco
encontrou, como por encanto, todos os seus autores em estado de graça.
As letras de Paulo César Pinheiro, poeta maior do samba ,
falam de amor. De amor vivido, amor chorado, realizado, desfeito, falam enfim
de amor de todos os jeitos. Vão da mais profunda dor à melhor das alegrias,
brincam e falam sério.
No final das contas, ao ouvinte resta, antes de retornar ao
início, uma gratidão imensa. Todo Mundo Quer Amar, como já foi dito no início,
é um disco lindo, de quem tá de bem com a vida, vive pra saber e anda por aí,
com talento de sobra para contar como é que é.
Participações: Rogério Caetano (violão 7 cordas), Leandro
Braga (piano), Bebê Kramer (acordeon), Márcio Almeida e Luciana Rabello
(cavaquinhos), Humberto Araújo, Fabiano Segalote, José Arimatéa, Silvério
Pontes e Rui Alvin (sopros), Pedro Aune (baixo) e Flavinho Miúdo, Bernardo
Aguiar, Paulino Dias e Marcelinho Moreira (percussões).
Fonte: Revista Fórum / Julinho Bittencourt
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