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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

MIGUEL ZENÓN & LAURENT COQ – RAYUELA (Sunnyside)


É notório que os melhores discos de jazz têm por trás uma grande estória. Na leitura da estória  por trás de “Rayuela”, o novo álbum do saxofonista Miguel Zenón e do pianista Laurent Coq, eu fiquei intrigado. Após ouvir a música , eu estava fisgado. Rayuela é uma gravação de um quarteto com Zenón, Coq, Dana Leong no cello e trombone, e Dan Weiss na bateria, tabla e percussão. É embasado na novela Rayuela (que foi traduzido para “Hopscotch” e em português o Jogo da Amarelinha) escrita pelo argentino  Julio Cortázar (1914–1984). Considerada uma obra prima literária, a novela é estruturada em torno de 155 capítulos que podem ser lidos em sequência, ou seguindo um traçado que o autor concebeu, ou simplesmente pulando em volta dos capítulos. Assim, como traduzir isto para a música?. Para começar, Zenón e Coq estavam procurando um projeto para trabalhar juntos. O saxofonista sentiu que expressando a novela de Cortázar (um dos seus livros favoritos) através da música seria perfeito por várias razões , incluindo o fato de que a narrativa passa por  Buenos Aires e Paris. Zenón, que é porto-riquenho, trouxe o instinto latino. Coq,  um parisiense, ofereceu a conexão francesa. Então dentro do espírito do Jogo da Amarelinha, os dois decidiram mudar os papéis.  Zenón compôs todas as músicas que tem Paris como material prima, enquanto Coq  escreveu o trablho relacionado a Buenos Aires, mesmo com o fato de que nunca estiveram lá. Enquanto esta configuração poderia cair em truque em mãos de artistas menos qualificados,  Zenón, Coq & Co. brilham com o poderoso material inspirado nas palavras e caráter da prosa de Cortázar.
Eles ultrapassam as fronteiras das suas habilidades composicionais , com Zenón traduzindo diretamente a cadência do texto dentro das passagens musicais e Coq encontrando  texturas e temas no escrito, organizando-os em cinco “cestas”, uma para cada personalidade. Eles são verdadeiramente compositores talentosos desafiando, inspirando e alimentado um ao outro – duas mentes trabalhando para criar uma peça de arte singular e sem emendas.Com contribuições empáticas de Leong e Weiss, as performances são emocionantes de ponta a ponta. É música inebriante , por certo, honesta e objetiva o bastante para impulsioná-los. Eu ainda não li Rayuela (O jogo da Amarelinha), mas o farei após a audição deste adorável álbum. E, certamente, espero ouvir estes maravilhosos músicos tocar essas composições ao vivo.  O intinerário de Zenón , em seu site, indicava performances de  Rayuela no dia dia 05 de Agosto no  Newport Jazz Festival  e uma excursão pelos Estados Unidos em Dezembro.

Faixas: Talita; La Muerte de Rocamadour; Gekrepten; Buenos Aires; Morellina; Oliveira; Berthe Trépat; Traveler; La Maga; El Club de la Serpiente.
Fonte : Downbeat / FRANK ALKYER

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