O disco de estreia do
gaitista Maret, que leva seu
nome, não poderia ter apresentado qualquer outro instrumento. É repleto de
arranjos delicados, que não seria sumetido pelo mais poderoso ás. Ironicamente, a gaita é o maior
problema do álbum. Especificamente, a sonoridade de Maret, fina, aguda e
com sua predileção pelos altos registros, criam sérias dificuldades, de alguma
forma, a algumas belas músicas.
E a música é, por outro lado, bonita: postbop ricamente alimentado
com samba e soul. Este material é tocado por um excelente grupo de músicos, o
núcleo sendo formado pelo baixista James
Genus, pelo tecladista Frederico G. Peña e pelos bateristas Clarence Penn e Jeff “Tain” Watts. (Peña se sobressai pela sua
consistência excelente, instigando canções como “Travels” e “Prayer” com
veemente ternura). As estrelas convidadas também brilham. Cassandra Wilson está
sutilmente profunda em “The Man I Love” e o baixo funkeado de Marcus Miller
anima “Crepuscule Suite”.
A estrela , entretanto, é Maret. Suas composições são
espertas e ambiciosas (embora “Crepuscule
Suite” pretenda ser bem mais do que é) e seus arranjos são cuidadosos—especialmente
a improvável interpretação de “The
Secret Life of Plants” de Stevie Wonder.
Suas improvisações , também, mostram grande imaginação rítmica (“Manhã Du Sol”)
e a firme e refletidamente melódica (“Children’s Song”). E na balada com toque
gospel de Pat Metheny, “Travels”, Maret restringe
seus piores impulsos estilísticos com sublime resultado.
Aquele, entretanto, é um instante raro. Suas deficiências
são nitidamente expostas em “O Amor É O Meu Pais”, um dueto com o ícone da gaita
Toots Thielemans. O veterano evidencia uma entonação arredondada e encorpada,
com ampla notas concentradas nos registros médios. A aguda e metálica
entonação de Maret em altos e lancinantes registros soa desegradável em
contraste com o mestre.
Fonte :
JazzTimes / Michael J. West
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