
A estória de Orfeu e
Eurídice tem sido contada e recontada em vários meios e maneiras através
dos anos. Claudio Monteverdi usou a ópera como sua forma de transmitir a
narrativa, o roqueiro alternativo Nick Cave atacou diretamente a canção e o autor
Neil Gaiman revisitou a estória em formato de gibi, mas a lista não para aí. Qualquer
modesta narrativa sobre re-elaborações de Orfeu tem que incluir duas famosas
contribuições brasileiras: a peça Orfeu da Conceição e o filme subsequente, “Black
Orpheus (Dispat Films, 1959) (Orfeu do Carnaval)”.
Essas contribições tem como cenário o Carnaval do Rio de Janeiro
e apresenta algumas das mais finas composições brasileiras do meado do século
passado . Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá escrevem algumas canções eternas
para moldar a estória e solidifica o forte movimento da música brasileira, que varreria
a América no início dos anos 60.
O baixista Nilson Matta, como muitos músicos antenados,
estava completamente atraído pelas músicas conectadas a esses projetos e ele
ambicionava gravar composições da peça e do filme. Ele agora completou a missão.
Matta reuniu um grupo arrasador , incluindo o pianista Kenny Barron, a clarinetista
Anat Cohen, o trompetista Randy Brecker e as vocalistas Leny Andrade e Gretchen
Parlato, para retrabalhar a música a seu gosto em vários grupos e formas.
Curtos interlúdios servem como uma paleta purificadora e
aparato transicional para conectar completamente limpos os trabalhos que merecem do
ouvinte uma atenção ininterrupta. Cada performance completa de Matta
possibilita um elemento diferente de sofisticação no objeto em foco.
"Overture" de Jobim por exemplo, mistura a ostentação e a excelência
com a paixão e a ingenuidade, graças em parte ao cello de Laura Metcalf,
enquanto a composição de Bonfá, a mais conhecida, "Samba De Orfeu", instiga
a energia do clarinete soberano de Anat Cohen. As aparições de Parlato provam
ser pura magia e outros destaques incluem "O Nosso Amor" , com Randy Brecker
à frente e "Manhã De Carnaval", que emparelha Barron
com Matta e o baterista.
Menções honrosas vão para a flautista Anne Drummond, que
raramente obtém a atenção que merece na imprensa do jazz, o guitarrista
Guilherme Monteiro, que adiciona cor e tempero rítmico cada vez que aparece e o
pianista Klaus Mueller, que aparece em algumas excelentes performances e
contibui com poucos, mas notáveis, arranjos. O trabalho de Matta
simultaneamente se iguala ao espírito das interpretações originais desta música
e à noção do renascimento artístico que circunda a estória. Glória a este baixista
conceptualista.
Faixas: Overture; Repinique Interlude; Samba De Orfeu; A
Felicidade; Cuíca Interlude; O Nosso Amor; Manhã De Carnaval; Batacuda I; Eu E
O Meu Amor/Lamento No Morro; Frevo De Orfeu; Valsa De Eurídice; Ascend, My
Love; Um Nome De Mulher; Batacuda II; Se Todos Fossem Iguais A Você; Violão
Interlude; Hugs And Kisses.
Músicos: Nilson
Matta: baixo; Randy Brecker: trompete (1, 6, 17); Anne Drummond: flauta (1, 9,
11, 17); Laura Metcalf: cello (1); Guilherme Monteiro: guitarra (1, 3, 4, 6,
9-11, 13, 16, 17); Klaus Mueller: piano (1, 6, 9, 11-13); Alex Kautz: bateria
(1, 3, 6, 7, 9-11, 13, 17); Reinaldo Silva: percussão (2, 8, 14, 17); Anat
Cohen: clarinete (3, 10, 13); Kenny Barron: piano (3, 7, 10); Fernando Saci:
percussão (3,5, 8-10, 12-14, 17); Leny Andrade: vocal (4, 15); Alfredo Cardim: piano
(4, 15); Erivelton Silva: bateria (4, 15); Jorjao Silva: percussão (8, 14, 17).
Gravadora: Motema
Music
Fonte:
AllAboutJazz / DAN BILAWSKY
Nenhum comentário:
Postar um comentário