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sábado, 13 de abril de 2013

IVO PERELMAN/JOE MORRIS/GERALD CLEAVER – FAMILY TIES (Leo Records)


Ivo Perelman é  comprometido.  Você deve estar disposto a se colocar no inferno e se indispor com seus vizinhos para alcançar a sua brutal versão de beleza. A maioria do free jazz contém bastante pontos de referências externas ou recorrências internas para dar à sua imaginação algum lugar para se agarrar. A música de Perelman não oferece nenhuma proteção.
 A abertura da faixa título inicia com Perelman chilreando no kazoo por dois minutos, enquanto o baixo de Joe Morris e a bateria de Gerald Cleaver tranquilamente atuam , inexoravelmente monótonos e prolongados. Poderia ser uma trilha sonora para um pesadelo em desenho animado. A passagem de Perelman para o saxofone tenor é brevemente tranquilizador, mas fragmentos da melodia brevemente passam a guinchos no registro em falsete do tenor. Então os guinchos passam a ser detonados  em imprecações profundas , em selvagens trinados, fuzilaria de estilhaços de rápidas sucessão de notas , vertigens,  acobracias descendentes e loucas efusões. A energia é implacável , exceto quando é misteriosamente enfraquecida.

Isto requer grande proficiência, sem mencionar o vigor e a resistência para manipular um saxofone. Para o ouvinte, ser submetido ao ataque furioso de Perelman é uma experiência chocante e intimidatória. As recompensas vêm em flashes,em relances. Perelman lança notas ao modo de Jackson Pollock salpicando e borriffando a pintura. Às vezes, formas inimaginadas previamente aglutinam-se. Às vezes, novas portas de percepção abrem-se.

Se Perelman pra você é uma novidade, inicie pela faixa três, “Love” em vez de “Family Ties”. “Love” é um discurso vasto e meditativo relativamaente subjugado em 25 minutos. Só um improvisador especial, capaz de sustentar extraordinária paixão e curiosiade por quase um hora e meia , poderia revelar muitas dimensões harmônicas e melódicas do lirismo do amor, da ternura à violência.
Morris and Cleaver raramente solam, mas eles são presenças onipresentes  suportes viçosos, que  agem dentro das mais fluidas concepções de tempo. A constância deles, segurança, conteúdo engajado providencia uma racional linha básica para esta música. Eles são ego; Perelman é id.

Faixas: Family Ties; The Imitation of the Rose; Love; Preciousness; Mystery in São Christovão; The Buffalo.
Músicos: Ivo Perelman: saxofone tenor , kazoo, mouthpiece; Joe Morris: baixo; Gerald Cleaver: bateria.

Fonte: JazzTimes / Thomas Conrad

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