
Ivo Perelman é comprometido.
Você deve estar disposto a se colocar no
inferno e se indispor com seus vizinhos para alcançar a sua brutal versão de
beleza. A maioria do free jazz contém bastante pontos de referências externas ou
recorrências internas para dar à sua imaginação algum lugar para se agarrar. A
música de Perelman não oferece nenhuma proteção.
A abertura da faixa
título inicia com Perelman chilreando no kazoo por dois minutos, enquanto o
baixo de Joe Morris e a bateria de Gerald Cleaver tranquilamente atuam , inexoravelmente
monótonos e prolongados. Poderia ser uma trilha sonora para um pesadelo em
desenho animado. A passagem de Perelman para o saxofone tenor é brevemente tranquilizador,
mas fragmentos da melodia brevemente passam a guinchos no registro em falsete
do tenor. Então os guinchos passam a ser detonados em imprecações profundas , em selvagens
trinados, fuzilaria de estilhaços de rápidas sucessão de notas , vertigens, acobracias descendentes e loucas efusões. A
energia é implacável , exceto quando é misteriosamente enfraquecida.Isto requer grande proficiência, sem mencionar o vigor e a resistência para manipular um saxofone. Para o ouvinte, ser submetido ao ataque furioso de Perelman é uma experiência chocante e intimidatória. As recompensas vêm em flashes,em relances. Perelman lança notas ao modo de Jackson Pollock salpicando e borriffando a pintura. Às vezes, formas inimaginadas previamente aglutinam-se. Às vezes, novas portas de percepção abrem-se.
Se Perelman pra você é uma novidade, inicie pela faixa três,
“Love” em vez de “Family Ties”. “Love” é um discurso vasto e meditativo relativamaente
subjugado em 25 minutos. Só um improvisador especial, capaz de sustentar
extraordinária paixão e curiosiade por quase um hora e meia , poderia revelar
muitas dimensões harmônicas e melódicas do lirismo do amor, da ternura à
violência.
Morris and Cleaver raramente solam, mas eles são presenças
onipresentes suportes viçosos, que agem dentro das mais fluidas concepções de
tempo. A constância deles, segurança, conteúdo engajado providencia uma
racional linha básica para esta música. Eles são ego; Perelman é id.
Faixas:
Family Ties; The Imitation of the Rose; Love; Preciousness; Mystery in São
Christovão; The Buffalo.
Músicos: Ivo Perelman: saxofone tenor ,
kazoo, mouthpiece; Joe Morris: baixo; Gerald Cleaver: bateria.
Fonte: JazzTimes / Thomas Conrad
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