
Nas notas do seu último CD, Kenny Werner expressa um
desagrado com a performance solo porque “não há ninguém para contracenar”. “Hence” é o
escasso lançamento solo na considerável discografia do pianista, que é dominada
pelo trabalho com seu renomado trio. O título deste disco, de fato, referencia
outro trio, entretanto todos os três membros são o próprio Werner, sugerindo
que talvez ele tenha encontrado alguém para interagir com ele.
Essa sugestão é
confirmada na faixa de abertura, uma exploração de “’Round Midnight” de mais de
10 minutos . Werner pode ser ouvido, ocasionalmente através da execução,
proferindo curtas expressões de contentamento, aparentemente se surpreendendo
com as descobertas que ele faz durante sua intricada escavação do standard de Monk. Sua interpretação
rejeita se fixar no batido curso da peça como foi escrita, passeando por
misteriosos caminhos secundários e fazendo singulares desvios, que entrega um
dos mais onipresentes trabalhos do jazz de forma quase desconhecida.
Os sons do tinir de prataria ao fundo, gravado ao vivo no Upstairs Jazz Bar and Grill durante o
Festival de Jazz de Montreal em 2011, possibilita o isolamento de Werner, sugerindo
que a vida está passando, enquanto ele está perdido em suas próprias ruminações
musicais. Sua “Balloons” restringe a
peça para quinteto para um melancólico ostinato na mão esquerda e uma delicada
melodia , que persistentemente viaja
para a canção folclórica “Barbara Allen”.
O famoso senso de jocosidade de Werner não está inteiramente
ausente, contudo, como ele agita “Giant Steps” com um fervor casual. Ele complementa
o floreado da Europa Oriental de “I Had a King”, composição de Joni Mitchell,
encontrando acompanhamento mesmo enquanto sozinho.
Faixas:
Round Midnight; Balloons; All The Things; Blue is Green; I Had a King; Giant
Steps; A Child is Born.
Fonte:
JazzTimes / Shaun Brady
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