Não surpreende nos dias atuais ouvir um moderno compositor
de jazz combinar diversos movimentos divergentes em uma peça, dobrando uma
esquina com pouca ou nenhuma transição. O baterista Tomas Fujiwara ajusta-se
neste perfil de compositor. Porém o que faz este lançamento imaturo, apesar de atrativo,
é a forma como Fujiwara conclui as canções , de forma abrupta, justo quando a
banda soa como começasse a se estabelecer. Assim fazendo, ele faz o ouvinte
parar para refletir sobre o que está acontecendo, e como forte soou.
A fonte de inspiração
de Fujiwara é profunda e diversa, começando com o rapper Talib Kweli e
continuando com Fela Kuti e as nuances de um sino arredondado do templo do seu
avô no Japão. A maneira como ele incorpora estas influência à musica faz toda a
diferença. Em “Lineage” a guitarra de Mary
Halvorson evoca o zumbido do sino com uma pancada repetitiva de duas notas
abaixo das longas modulações do saxofone tenor de Brian Settles e do trompete
de Jonathan Finlayson. O afiado tema em 10/8 de “Double Lake, Defined” foi
inspirado na voz, entonação e letra de Kweli. “Postcards” , uma peça em três
partes dedicada à mãe do líder, inicia com uma parte impulsionada pela
numerologia, que soa como uma valsa e como Thelonious Monk, apenas um pouco
mais acrobático. A música seguinte escrita na bateria, que apresenta o ritmo e
a melodia . Após o único real solo de bateria, o quinteto entrelaça-se em uma
pegada pesada 4/4, que Fujiwara escreveu no piano. E antes de Hook Up poder desgastar-se , o álbum encerra , mas não
antes de deixá-lo com um sentimento de saciedade.
Faixas:
Lineage; Double Lake, Defined; For Ours; Cosmopolitan (Rediscovery);
Smoke-Breathing Lights; Postcards.
Músicos: Tomas Fujiwara: bateria; Jonathan
Finlayson: trompete; Brian Settles: saxofone tenor; Mary Halvorson: guitarra;
Trevor Dunn: baixo.
Fonte :
JazzTimes /Mike Shanley
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