O ambicioso e intenso trabalho de pesquisa de Virginia
Mayhew dentro da arte de Mary Lou Williams começou em 2009. Ela necessitou de
uma comemoração em um festival feminino de jazz , “Women in Jazz” . Ela
escolheu Williams quando em descobriu que em 2010 seria o 100° aniversário do
nascimento de Williams.
Mayhew admite que
antes do empreendimento ela estava inconsciente da amplitude e profundidade da
carreira de Williams. Ela não está sozinha. Williams morreu em 1981, e hoje sua
música é mais ouvida. Porém nos anos 30 e 40 , ela era a mais importante
pianista feminina, compositora e arranjadora no cenário jazzista dominado pelo
mundo masculino. Muitos líderes de orquestra da era do suíngue, de Andy Kirk a
Benny Goodman e Duke Ellington, usavam suas músicas e arranjos. Williams era
uma artista agitada e curiosa. Ela abraçou o bebop nos anos 50 e em 1977 gravou em dueto com Cecil Taylor no Carnegie Hall. Ela compôs centenas de
músicas, mas a única que pode ser chamada de standard é “What’s Your Story Morning Glory”.Houve uma segunda
vida, com nova letra, como “Black Coffee” e foi gravada por vários artistas como
de Sarah Vaughan a k.d. lang.
Mayhew tem tido acesso à Mary Lou Williams Collection no Rutgers
Institute of Jazz Studies. Ela ouviu mais de 200 faixas das músicas
de Williams, antes de escolher as suas favoritas e iniciar suas transcrições e
arranjos. A melhor novidade deste disco é que nunca soa como um projeto de
pesquisa. Soa como jazz para pessoas: movendo-se através do blues, sendo humano
com corpo aquecido, vivo com muitas emoções, mas acima de tudo com prazer.
As oito músicas de Williams são um tesouro encontrado. Ao
lado do blues, os ingredients notáveis são o suingue vivo e afirmativo, além das
elegantes melodias. Porém há um rabisco de linha bop , “N.M.E.” uma
harmonicamente peça avançada chamada "Cancer”, um dos 12 movimentos da” Zodiac
Suite” . É difícil acreditar que “Cancer” com seu contraponto fragmentário e desenvolvimento
melódico convoluto seja de 1945. Na biografia de Williams é frequentemente dito
que ela foi a mentora de Monk. “Cancer” faz a reivindicação crível. Soa como
Monk antes de Monk . O solo de Mayhew desenvolve-se diretamente da complexidade
da composição, assim como todas as coisas do álbum, prospectando e compelindo.
Mayhew é vividamente expressiva como saxofonista tenor com
ideias intrigantes, fraseado incerto e entonação variável. Em “Medi I” os cortes afiados do seu som
contradiz a atmosfera de balada, então sua expressividade desliza continuamente
para responder à envolvente emoção. Sua mais difícil suingada e a mais
estridente entonação está em “J.B.’s Waltz”.
O trombonista Wycliffe Gordon, que atua em metade das faixas
, tem uma presence marcante na banda e excentricidade humorística nos solos, especialmente
com a surdina. Ele arranha, grunhe e faz fanfarronices
ao longo de “Morning Glory”. Porém o trunfo deste álbum é o guitarrista Ed
Cherry. “Blues drenched” não é um clichê quando adaptado por Cherry. Cada vez
que ele sola , a serenidade assoma e uma estória intempestiva inicia de forma familiar, ainda
como uma revelação, tal qual a autenticidade do blues.
Este notável álbum, belamente gravado, encantadoramente
embalado, é a mais significativa forma de tributo. É contemporâneo, pessoal, um
encontro profundamente sentido com a
música de Williams, e deverá ajudar a manter um grande artista norte-americano
a não ser esquecido.
Faixas:
J.B.'s Waltz; Medi II; Medi I; O.W.; Cancer; What's You Story Morning Glory;
N.M.E.; Waltz Boogie; One for Mary Lou; 5 for Mary Lou.
Músicos: Virginia Mayhew: saxofone
tenor ;Wycliffe Gordon: trombone (2, 5, 6, 9, 10); Ed Cherry: guitarra; Harvie
S: baixo; Andy Watson: bateria.
Gravadora: Renma
Recordings
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo
Fonte : JazzTimes / Thomas Conrad
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