O baterista Duduka Da Fonseca não foi o primeiro a misturar
o ritmo do samba brasileiro e a bossa
nova com a linguagem do jazz e maneirismos, mas ele fez mais com aquela
combinação que qualquer pessoa antes dele. Nas notas para “New Samba Jazz
Directions”, Da Fonseca lembra que o baterista Edison Machado — trabalhando com
o pianista Dom Salvador e o baixista
Sergio Barrozo em meados dos anos 60— mesclou os dialetos rítmicos destas
formas de arte pela primeira vez, servindo como exemplo para muitos jovens
bateristas brasileiros , que aspiravam seguir seus passos musicais.
Aquele grupo serviu como um modelo de estilo para Da Fonseca
quando ele formou o trio com o pianista Cesarius Alvim e o baixista Richard
Santos no Brasil no início dos anos 70. Muitos anos mais tarde, ele teve a
oportunidade de gravar com Dom Salvador, trabalhando no mesmo contexto do trio,
que inicialmente o inspirou a mergulhar na hibridização do jazz brasileiro em
primeiro lugar.
O atual trio de Da Fonseca, que fez sua estreia na gravação
de “Plays Toninho Horta (Zoho Music, 2011)”, é uma extensão lógica de todos
aqueles grupos. Da Fonseca, o pianista David Feldman e o baixista Guto Wirtti compartilham
a crença que a pulsação estável do ritmo do Brasil não necessita demorar
demais, e é benvinda no jazz brasileiro. De fato, o que faz este trio assim
especial é a maneira que oscila entre a aceitação dos princípios daquele ritmo
e o desejo malicioso de se contrapor àqueles bons sentimentos. "Duduka's
Mood" de Feldman, que apresenta uma
pegada em rotação e combina com o piano do compositor , é um dos exemplos. "Alana" de Da Fonseca, que tem
viradas abruptas é outra.
Da Fonseca e seus companheiros de trio não são avessos a
tocar de forma regular, como demonstram durante a valsa "Isabella", a bela "Tete" e
a prazeirosamente alegre "Céu E
Mar", mas eles realmente se distinguem pela curvatura das bolas que
arremessam . A potente, ainda que exploratória, "Samblues" serve como um exemplo final
das suas escolhas para o álbum.
Permanecer à frente
de um movimento há décadas na carreira não é uma proeza fácil, mas Duduka Da Fonseca não é um baterista comum. Ele
continua a desafiar as singularidades na criação de novas direções do samba jazz em seu antigo poleiro.
Faixas: Duduka's Mood; Sonho De Maria; Solito; Alana;
Isabella; Zelao; Tete; Ceu E Mar; Bad Relation; Samblues.
Músicos: Duduka Da
Fonseca: bateria; David Feldman: piano; Guto Wirtti: baixo.
Gravadora:
Zoho Music
Fonte :
AllAboutJazz /DAN BILAWSKY
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