Quando se vê as fotos da Piazza
IV Novembre no Festival de Jazz de Umbria
em 1973, parece o mesmo de agora. Uma massa humana preenche a praça de derrama-se
pela Corso Vannucci. Os fãs de jazz e
as praças medievais não mudaram muito em quarenta anos. Entretanto, 40 anos é
um bom tempo para um festival de jazz. Em
2013, Umbria celebrou seu aniversário com um programa estelar muito bem
estudado.
Grandes nomes tocaram na Arena
Santa Giuliana, 5000 lugares ao ar livre na base da colina da velha cidade.
Este ano foram inclusos Diana Krall (a serena Ms. Cool), Chick Corea/Herbie Hancock (como
duo, desafortunadamente), Wynton Marsalis e a Jazz at Lincoln Center Orchestra (ilustrando a história), e o Keith
Jarrett Trio. O recital de Stefano Bollani para Ravel, Gershwin e Bernstein com
uma orquestra de 95 integrantes foi impecável e inspirado. Jan Garbarek, Gilberto Gil e John Legend também
apareceram.
A arena, nas balsâmicas noites de Julho, é um local
excitante para se estar. Porém a mais profunda experiência em Umbria veio com os concertos “’Round Midnight” , na velha cidade e no prédio
do século XVIII , o Teatro Morlacchi, com suas cinco fileiras de camarotes para ópera.
Este foi o local onde os verdadeiros fãs do jazz se congregaram.
Para chegar lá se toma
uma escada rolante para a cidade e vence-se seu caminho através de aglomerações
na Corso Vannucci, antiga ruas de
músicos, trapaceiros e centenas de Sophia Lorens. O Morlacchi
fica no final, à esquerda ,descendo uma sinuosa rua de pedra. O programa “’Round
Midnight” , neste ano, apresentou um amplo e afiado programa das correntes
atuais da arte do jazz.
The Cookers tocou
puro, brilhante e intenso hard bop.
Billy Harper compôs clássicos celebratórios como “Afro Black”. Não há mais
enfurecida sacudidela com adrenalina no jazz do que o saxofone tenor de Harper
catapultando a banda. David
Weiss executa intrigantes e inesperadas decisões no trompete . “The
Core” de Freddie Hubbard foi descrita
como “a cara de Billy Hart ”, mas nesta
banda todas as músicas são motivadas pelas explosões inesperadas de Billy Hart.
Roberto Gatto tem um marcante projeto novo, Perfectrio, com o pianista Alfonso
Santimone e o baixista elétrico Pierpaolo Ranieri. Todos os três usam a eletrônica
para criar balanço, surgindo ritos. O
turbilhão de sons agudos foi suplantado por uma ambiência próxima do silêncio. Movimentos
minimalistas repetitivos foram
desarmados por golpes e estalidos como a trilha sonora de uma marcha para a morte. Gatto é um dos
mais influentes bateristas da Europa. Agora
é, também, “pintor” de vívidas paisagens
sonoras.
O Robert Glasper
Experiment foi ensurdecedor, desagradável e monótono. Eles tocaram selvagemente
distorcidas músicas do Radiohead, Nirvana e Daft Punk. Os vocais acrobáticos e amostrais de Casey Benjamin
foram torturantes. Algo estava seguindo. Em seu Yamaha
Motif, Glasper descobriu espantoso modelo que cristalizou o ruído contínuo.
Derrick Hodge quebrou um pouco o esquema através de improvável lirismo. Em
alguns momentos, seu baixo elétrico parecia uma guitarra flamenca.
O baixista Giovanni
Tommaso é uma figura seminal no jazz Italiano. Ele tocou “Via Beato Angelico” no
primeiro festival em Umbria em 1973. Em 2013, ele a tocou novamente com o seu
novo Consonanti Quartet. A banda apresenta
Mattia Cigalini, um saxofonista de 24 anos a ser observado. Ele tem uma pura e
cantante entonação e deliciosamente impuras e aguçadas ideias.
Hiromi lotou as cinco fileiras dos camarotes para ópera do Morlacchi . Sua demonstração de
sentimentos em seu teclado foram técnicos, superfic iais, flamejantes e
grandiosos. Ela é mais uma entretenedora do que uma artista musical, mas ela é um
espírito irresistível com exibições
acrobáticas. A multidão a
devora.
Houve, também , concertos memoráveis no Morlacchi . Branford Marsalis nunca soou mais afirmativo no comando
do seu instrumento e mais comprometido com a comunicação. Seu quarteto interpretou músicas do seu largamente elogiado
álbum “Four MF’s Playin’ Tunes”. Ao vivo as canções golpeiam mais forte e são
mais livremente elaboradas. O “Terence Blanchard Quintet” também tocou, de forma superior, versões de faixas do seu
excelente disco novo , “Magnetic”. Renato Sellani e Danilo Rea ofereceram um tributo
ao compositor de trilhas sonoras Armando Trovajoli, belas composições que estão
em sua mente, que parecem que você nunca
as ouviu antes.
Porém os concertos da meia-noite são a essência de Umbria. Mais
tarde, com suas defesas em baixa, a música infiltra-se em você como uma droga. Então,
intoxicado com o jazz, você caminha para casa através da Corso Vannucci , onde, às 3 horas da manhã, a festa continua.
Fonte : JazzTimes / Thomas Conrad
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