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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

40 ANOS DO FESTIVAL DE JAZZ DE PERUGIA

Quando se vê as fotos da Piazza IV Novembre  no Festival de Jazz de Umbria em 1973, parece o mesmo de agora. Uma massa humana preenche a praça de derrama-se pela Corso Vannucci. Os fãs de jazz e as praças medievais não mudaram muito em quarenta anos. Entretanto, 40 anos é um bom tempo para um festival  de jazz. Em 2013, Umbria celebrou seu aniversário com um programa estelar muito bem estudado.

Grandes nomes tocaram na Arena Santa Giuliana, 5000 lugares ao ar livre na base da colina da velha cidade. Este ano foram inclusos Diana Krall (a serena  Ms. Cool), Chick Corea/Herbie Hancock (como duo, desafortunadamente), Wynton Marsalis e a Jazz at Lincoln Center Orchestra (ilustrando a história), e o Keith Jarrett Trio. O recital de Stefano Bollani para Ravel, Gershwin e Bernstein com uma orquestra de 95 integrantes foi impecável e inspirado. Jan Garbarek, Gilberto Gil e John Legend também apareceram.

A arena, nas balsâmicas noites de Julho, é um local excitante para se estar. Porém a mais profunda experiência  em Umbria veio com os concertos  “’Round Midnight” , na velha cidade e no prédio do século XVIII , o  Teatro Morlacchi, com suas cinco fileiras de camarotes para ópera. Este foi o local onde os verdadeiros fãs do jazz se congregaram.

Para chegar lá  se toma uma escada rolante para a cidade e vence-se seu caminho através de aglomerações na Corso Vannucci, antiga ruas de músicos, trapaceiros e centenas de Sophia Lorens. O  Morlacchi fica no final, à esquerda ,descendo uma sinuosa rua de pedra. O programa “’Round Midnight” , neste ano, apresentou um amplo e afiado programa das correntes atuais da arte do jazz.

The Cookers tocou puro, brilhante e intenso hard bop. Billy Harper compôs clássicos celebratórios como “Afro Black”. Não há mais enfurecida sacudidela com adrenalina no jazz do que o saxofone tenor de Harper catapultando a banda. David Weiss executa intrigantes e inesperadas decisões no trompete . “The Core”  de Freddie Hubbard foi descrita como  “a cara de Billy Hart ”, mas nesta banda todas as músicas são motivadas pelas explosões inesperadas de Billy Hart.

Roberto Gatto tem um marcante projeto novo, Perfectrio, com o pianista Alfonso Santimone e o baixista elétrico Pierpaolo Ranieri. Todos os três usam a eletrônica para criar balanço, surgindo  ritos. O turbilhão de sons agudos foi suplantado por uma ambiência próxima do silêncio. Movimentos minimalistas  repetitivos foram desarmados por golpes e estalidos como a trilha sonora  de uma marcha para a morte. Gatto é um dos mais influentes bateristas da  Europa. Agora é, também,  “pintor” de vívidas paisagens sonoras.

O Robert Glasper Experiment foi ensurdecedor, desagradável e monótono. Eles tocaram selvagemente distorcidas músicas do Radiohead, Nirvana e Daft Punk. Os vocais acrobáticos e amostrais de Casey Benjamin foram torturantes. Algo  estava  seguindo. Em seu  Yamaha Motif, Glasper descobriu espantoso modelo que cristalizou o ruído contínuo. Derrick Hodge quebrou um pouco o esquema através de improvável lirismo. Em alguns momentos, seu baixo elétrico parecia uma guitarra flamenca.

O baixista  Giovanni Tommaso é uma figura seminal no jazz Italiano. Ele tocou “Via Beato Angelico” no primeiro festival em Umbria em 1973. Em 2013, ele a tocou novamente com o seu novo Consonanti Quartet. A banda apresenta Mattia Cigalini, um saxofonista de 24 anos a ser observado. Ele tem uma pura e cantante entonação e deliciosamente impuras e aguçadas ideias.

Hiromi lotou as cinco fileiras dos camarotes para ópera do Morlacchi . Sua demonstração de sentimentos em seu teclado foram técnicos, superfic iais, flamejantes e grandiosos. Ela é mais uma entretenedora do que uma artista musical, mas ela é um espírito  irresistível com exibições acrobáticas. A multidão a devora.

Houve, também , concertos memoráveis no Morlacchi . Branford Marsalis nunca soou mais afirmativo no comando do seu instrumento e mais comprometido com a comunicação. Seu quarteto  interpretou músicas do seu largamente elogiado álbum “Four MF’s Playin’ Tunes”. Ao vivo as canções golpeiam mais forte e são mais livremente elaboradas. O “Terence Blanchard Quintet”  também tocou,  de forma superior, versões de faixas do seu excelente disco novo , “Magnetic”. Renato Sellani e Danilo Rea ofereceram um tributo ao compositor de trilhas sonoras Armando Trovajoli, belas composições que estão em sua mente, que parecem que  você nunca as ouviu antes.

Porém os concertos da meia-noite são a essência de Umbria. Mais tarde, com suas defesas em baixa, a música infiltra-se em você como uma droga. Então, intoxicado com o jazz, você caminha para casa através da Corso Vannucci , onde, às 3 horas da manhã, a festa continua.


Fonte : JazzTimes / Thomas Conrad

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