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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

NANÁ VASCONCELOS – 4 ELEMENTOS

Responsável, ao lado do catarinense Aírto Moreira, pelo reconhecimento da percussão brasileira como integrante da música internacional, o pernambucano Juvenal de Holanda Vasconcelos, o Naná Vasconcelos, transportou o ritmo para o primeiro plano. Ex-integrante do grupo americano de world music  Codona  (com os multi-instrumentistas Don Cherry e Colin Walcott), parceiro de Egberto Gismonti no aclamado álbum Dança das Cabeças (1976), vencedor de Grammys e eleições de melhores do ano da revista americana de jazz DownBeat, Naná transformou os objetos do cotidiano em fontes de sons orgânicos, desvinculados da pecha de exotismo.

No CD 4 Elementos, as vinhetas referentes ao fogo são faiscadas por assobios e o crepitar de pacotes de salgadinhos. Em Chorágua, a batucada hídrica produz um curioso efeito dub  de alteração sonora, reverberada por sua combinação de copos, cabaça, cobel, caxixi e bateria, instrumento inicial do percussionista, ainda no tempo da bossa nova. Ex integrante de grupos acompanhantes de Geraldo Vandré (Quarteto Livre) e Milton Nascimento (Som Imaginário), ele ampliou o alcance do precário berimbau como demonstra nas terrenas Berimbando e Clementina.

A narrativa sonora do solista vai além da percussão, atesta a gingada Nizinga, trilha do filme homônimo, com intervenções de trombone e cavaquinhos. Autor dos arranjos e da maioria das composições, Naná abre exceção para o clássico lamento Légua Tirana, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, acalentado por rabeca e violoncelo. Sob ecos de aboio, recorta apenas o refrão da letra (ô que estrada mais comprida/ ô que légua tão tirana / ai se eu tivesse asas / inda hoje eu via Ana) como lema de sua árdua trajetória de acrobata sem rede.

       Faixas
 1- Légua tirana
 2- Terráqueos/Vida/Bush dance
 3- Nizinga
 4- Clementina
 5- Astronáfrica
 6- Coco lunar
 7- Chorágua
 8- Berimbando
 9- Passos
 10- Fogo


Fonte: CartaCapital /Tárik de Souza 

Um comentário:

Anônimo disse...

Que ótima síntese do álbum. Criticidade tão qualificada que até denominou um instrumento quase sagrado de "precário".