O trompetista italiano Paolo Fresu tem sido mais anjo do que
diabo, entretanto ele lidera quartetos cujo nome confronta, respectivamente,
estes entes celestiais e demoníacos. Seu trabalho em seu instrumento é
suavemente lírico, embora o ambiente seja propício, mas Fresu também tem um
lado endiabrado que sua personalidade assume em certas ocasiões. Ele toca de
leve nos descaminhos em poucos lugares em “Desertico”, mas a maioria da música
é deslumbrante, reflexiva e serena.
Enquanto Fresu abraça a tranquilidade em muitos momentos
neste álbum, ele não inicia as coisas em um espaço tranquilo. O lado impetuoso
e arrojado do trompetista vem no momento
certo para tocar na metricamente tecida "[I Can't Get No] Satisfaction”
dos Rolling Stones . O guitarrista
Bebo Ferra e o baterista Stefan Bagnoli
estabelecem-se como os agressores iniciais, atiçando as chamas sob Fresu, que é
mais do que jogar as coisas do jeito deles. Música de uma natureza mais
moderada—"La Follia Italiana" e "Ambre"— emergem após a
travessura inicial. Os números encontram Fresu imerso em seu trabalho no centro
das cenas, mas o trabalho de Ferra ao violão também surge como um elemento
chave na mistura.
O programa continua com uma brilhante e alegre canção ("All
Items"), uma introspectiva tomada
na clássica ("Blame It On My
Youth") e uma peça pós-milênio, construída em forma de coalizão sobre uma
base repetida através do baixo de Paolino Dalla Porta.
("Desertico"),
mas nenhuma dessas faixas envolve o vigor daquela que abre o álbum. "Voci
Oltre", que aparece próximo do fim do programa, é a única performance que
rivaliza com a intensidade de "Satisfaction", mesmo na insuperável escala da bazófia. Uma vez que
aquele número encerra, voltamos à beleza. Fresu e Ferra fazem música cativante
em "Young Forever", que vem e vai em três minutos, mas o medley de "Ninna Nanna Per
Andrea" e "Inno Alla Vita" prova ser mais substancial, em
extensão e substância. O trabalho de Ferra, aqui, mostra uma dívida ao trabalho
pastoral da guitarra de Bill Frisell e todos os quatro músicos se conectam nos
movimentos corretos durante o bucólico encerramento.
Enquanto o título da gravação aponta para a secura, aridez e
espaços sem vida do mundo, as canções são algo mais. Fresu e seu Devil Quartet cria música transbordante
de vida , clareza, sensibilidade e vigor. “Desertico” é um oásis musical , não um deserto inaproveitável.
Faixas: [I
Can't Get No] Satisfaction; La Follia Italiana; Ambre; All Items; Blame It On
My Youth; Desertico; Suite For The Devil; Poetto's Sky; Voci Oltre; Young
Forever; Medley: Ninna Nanna Per Andrea and Inno Alla Vita.
Músicos: Paolo Fresu: trompete,
flugelhorn, multi-efeitos; Bebo Ferra: guitarra, violão; Paolino Dalla Porta: baixo;
Stefano Bagnoli: bateria.
Gravadora:
Ota Records
Estilo: Jazz Moderno
Fonte :
JazzTimes /DAN BILAWSKY
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