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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

SÉRGIO RICARDO – BOSSAS ROMÂNTICAS & TRILHAS

Ao mesmo tempo ativista e dissidente do movimento bossa nova, o paulista de Marília João Lufti, conhecido como Sérgio Ricardo, exibe o perfil artístico heterodoxo numa elucidativa caixa com cinco discos do início de sua carreira.

No primeiro, raríssimo, Dançante N° 1 (1959), com o baterista Hélcio Milito (futuro Tamba Trio), ele desvela o inicial pianista de notas bailarinas, na linha de ases do teclado da época, como Liberace e Carmen Cavalaro. Alia standards (Temptation, A Certain Smile), temas alheios (Tarde Triste , de Maysa) e próprios. Nas faixas bônus, como Cafezinho e Ausência de Você , surge o cantor de voz grave e timbrada
.
O álbum autoral Não Gosto Mais de Mim – A bossa romântica de Sérgio Ricardo (1960) crava sua inclusão na seara da bossa. Da sincopada Pernas às líricas Poema Azul e O Nosso Olhar, mais sua primeira canção de protesto, Zelão. O disco seguinte, Depois do Amor (1961), traz canções amorosas de outros autores, como a cena de sexo nouvelle vague da faixa título, de Normando e Ronaldo Bôscoli, e os clássicos de Garoto (Duas Contas) e Johnny Alf (Ilusão à Toa).

Caso único de bossanovista militante do cinema novo, Ricardo o divide com Glauber Rocha , o diretor do filme , a autoria da trilha de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), de temas como Antônio das Mortes , Corisco e Sertão Vai Virar Mar. “Transformei Sérgio em ator, gritei, ele ficou nervoso, deixou os preconceitos, soltou a voz e os dedos no violão” , decupa Glauber no encarte. Em Esse Mundo É Meu (1964), filme dirigido por ele, incluindo seus temas e os do maestro Lindolfo Gaya, Ricardo assina o afro-samba –título com outro cineasta, Ruy Guerra. A caixa mapeia uma parte do trajeto luminoso do compositor e cantor, muito além do estereótipo do artista que enfrentou vaias num festival atirando seu violão na plateia. 

Fonte : CartaCapital / Tárik de Souza

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