
No primeiro, raríssimo, Dançante
N° 1 (1959), com o baterista Hélcio Milito (futuro Tamba Trio), ele desvela
o inicial pianista de notas bailarinas, na linha de ases do teclado da época,
como Liberace e Carmen Cavalaro. Alia standards
(Temptation, A Certain Smile), temas alheios (Tarde Triste , de Maysa) e próprios. Nas faixas bônus, como Cafezinho e Ausência de Você , surge o cantor de voz grave e timbrada
.
O álbum
autoral Não Gosto Mais de Mim – A bossa romântica
de Sérgio Ricardo (1960) crava sua inclusão na seara da bossa. Da sincopada
Pernas às líricas Poema Azul e O Nosso Olhar, mais sua primeira canção de protesto, Zelão. O disco seguinte, Depois do Amor (1961), traz canções
amorosas de outros autores, como a
cena de sexo nouvelle vague da faixa
título, de Normando e Ronaldo Bôscoli, e os clássicos de Garoto (Duas Contas) e Johnny Alf (Ilusão à Toa).
Caso único de bossanovista militante do cinema novo, Ricardo
o divide com Glauber Rocha , o diretor do filme , a autoria da trilha de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963),
de temas como Antônio das Mortes , Corisco e Sertão Vai Virar Mar. “Transformei Sérgio em ator, gritei, ele
ficou nervoso, deixou os preconceitos, soltou a voz e os dedos no violão” ,
decupa Glauber no encarte. Em Esse Mundo
É Meu (1964), filme dirigido por ele, incluindo seus temas e os do maestro
Lindolfo Gaya, Ricardo assina o afro-samba –título com outro cineasta, Ruy
Guerra. A caixa mapeia uma parte do trajeto luminoso do compositor e cantor,
muito além do estereótipo do artista que enfrentou vaias num festival atirando
seu violão na plateia.
Fonte : CartaCapital / Tárik de Souza
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