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domingo, 13 de outubro de 2013

PAUL MOTIAN – PAUL MOTIAN [box set] (ECM Records)

Na segunda década do novo milênio, não é uma ocorrência incomum despertar pela manhã, ligar o computador e saber da morte de outra significante figura jazz, que surgiu nos anos 1950 ou 1960. Porém a morte de Paul Motian em 2011 bateu forte no mundo do jazz de forma especialmente dura. Pessoas foram tocadas pessoalmente. Ele representou um único e genuíno paradigma dentro da estética do jazz. Parecia impossível que sua reserva e interações diversas de energia não estariam sendo proveitosas para um sem número de grupos.

Esta caixa com seis CDs na série  Old & New Masters  da ECM contém os primeiros seis discos de Motian como líder para o selo , gravados entre 1972 e 1984. Os dois primeiros, “Conception Vessel” e “Tribute”, apresentam sextetos e quintetos dominados por instrumentos de corda  (guitarra, violino, baixo). Eles são as versões iniciais do que veio a ser conhecido como “o som ECM ”: etéreo, enlevado, atmosférico, cristalino em qualidade sonora. Foi a era em que o lema da ECM era “o mais belo som próximo ao silêncio”. Os silêncios aqui são sempre sutilmente perturbados pelos acentos ambíguos de Motian e implícitas tensões. Os dois seguintes, “Dance” e “Le Voyage”, são trios com o fora de série Charles Brackeen. “O som ECM ” tinha espaço  para a quietude do saxofone soprano e a intensidade tempestuosa do saxofone tenor . Os dois últimos são “Psalm” e “It Should’ve Happened a Long Time Ago”. Eles lançam a ilustre e criativa interface de Motian com Joe Lovano e Bill Frisell, um parceria que resistiu , com interrupções, por 30 anos.

Em sua criteriosa nota para os discos, o pianista Ethan Iverson classifica Motian como  “um dos mais importantes líderes musicais” e um compositor original cujas orquestrações eram  “sem excessos, simples páginas claras de uma beleza linear ”. As pretensões são inicialmente surpreendentes. Motian era um dos maiores, um acompanhante onipresente na história do  jazz. Ele não fez seu primeiro trabalho como líder até os 40 anos, e nunca manteve uma banda trabalhando junto por um extenso período. Nenhuma das suas músicas vieram a ser  um jazz standard. Porém esta caixa revela que, desde o início, os projetos de Motian eram altamente diversificados (como se ele começasse da linha de saída cada vez), sempre tendo uma clara e apaixonada causa. Mesmo em “Conception Vessel”, sua estreia, ele foi capaz de integrar características e poderosas expressões (Keith Jarrett, Charlie Haden, o violinista Leroy Jenkins, o guitarrista Sam Brown) dentro de sua própria visão poética..

As suas composições, quando você as ouve pela primeira vez , soam como se sempre estivessem lá, esperando. Cada composição é tão conclusiva quanto temporária como um haicai, e por essa razão cria oportunidades especiais e sérias responsabilidades para os  improvisadores.

Esta caixa é também uma ocasião para redescobrir maravilhosos instrumentistas, há muito esquecidos, como  Brown, Brackeen, o saxofonista alto Carlos Ward e o baixista J.F. Jenny-Clark. As ardentes linhas de melodia livre de Brown, coloca-se contra o baixo sombrio de  Haden, são continuamente hipnóticas em “Conception Vessel” e “Tribute”. Como é que Brackeen, completamente fluente em muitas linguagens da avant-garde no saxofone, tem gravado assim tão infrequentemente? . Os chamamentos de Ward em “Tribute” são puras emanações de solidão (A gravadora é um repositário de belos momentos de solidão). E  as incursões iniciais de Bill Frisell nos laços digitais e retardamentos são imensas paisagens sônicas com horizontes distantes, revelações à hora.

Claro, uma consciência unifica toda esta variada música. Conforme você ouve, você pode eleger, tanto quanto possível, o sentimento do toque bateria  de Motian na banda, sentir como ele altera as coisas com suas graduações, suas vibrações, suas assimétricas explosões espalhadas. Ou você pode optar, ao menos por enquanto, concentrar-se especificamente em    Motian, e experimentar sua percussão com o vasto conteúdo orquestral, como sempre foi, único para ele  e por demais abnegado para sua música.

Músicos:Paul Motian (bateria);Charles Brackeen ( saxes soprano e tenor );Carlos Ward (sax alto); Joe Lovano (sax tenor);  Billy Drewes (saxes tenor e alto );Sam Brown (violão e guitarra); Paul Metzke (guitarra);Bill Frisell (guitarra, guitarra sintetizada);Keith Jarrett (flauta, piano);Leroy Jenkins (violino);Becky Friend (flauta);Charlie Haden (baixo);David Izenzon (baixo);J.F. Jenny-Clark (baixo);Ed Schuller(baixo).

CD 1
Conception Vessel (ex-ECM 1028)
Georgian Bay
Ch´i Energy
Rebica
Conception Vessel
American Indian: Song of Sitting Bull
Inspiration from a Vietnamese Lullaby

CD 2
Tribute (ex-ECM 1048)
Victoria
Tuesday Ends Saturday
War Orphans
Sod House
Song for Ché

CD 3
Dance (ex-ECM 1108)
Waltz Song
Dance
Kalypso
Asia
Prelude
Lullaby

CD 4
Le Voyage (ex-ECM 1138)
Folk Song for Rosie
Abacus
Cabala/Drum Music
The Sunflower
Le Voyage

CD 5
Psalm (ex-ECM 1222)
Psalm
White Magic
Boomerang
Fantasm
Mandeville
Second Hand
Etude
Yahllah

CD 6
It should´ve happened
a long time ago (ex-ECM 1283)
It should´ve happened a long time ago
Fiasco
Conception Vessel
Introduction
India
In the Year of the Dragon
Two Women from Padua

Gravação: Novembro de 1972, Maio de 1974, Setembro de 1977, Março de 1979, Dezembro de 1981 & Julho de 1984


Fonte : JazzTimes / Thomas Conrad

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