A capa do terceiro álbum de Ferenc Nemeth como líder
representa o malabarismo de 13 baquetas conduzidas por percussionistas de jazz
da Hungria, todos suspensos no ponto culminante, uma imagem ajustada para esta
vertiginosa coleção de polirritmias e curiosos compassos compostos inteiramente
por Nemeth. Com um sexteto de instrumentos de sopro de palheta como pano de
fundo, Joshua Redman, Kenny Werner e Lionel Loueke vêm prontos para a festa,
que é certamente mais classicamente influenciada do que eles costumam fazer.
Nemeth vem de uma formação clássica, tendo estudado no Richter János Conservatory e na Franz
Liszt Academy of Music da Hungria antes
de obter sua proficiência no jazz em Berklee, onde encontrou Nicolas Sorin, que
fez os arranjos das partes dos instrumentos de sopro de palheta , e Loueke, com
quem ele formou o trio multicultural Gilfema
(O encerramento da faixa “Hope II” remove qualquer dúvida sobre a conexão
mental dos dois). Nemeth graduou-se no New
England Conservatory, onde claramente absorveu a estética da terceira via (Third Stream ) de Gunther Schuller. Ele habilmente
faz a ponte entre as árvores genealógicas musicais da Hungria, formadas pelos
gigantes Béla Bartók e Franz Liszt, e Elvin Jones em seu curso mais livre.
O álbum inicia com um lancinante uso do pedal da guitarra,
seguido pela fantasmagórica entrada de Redman, Werner e Nemeth (nos pratos), um
som agourento que parece invocar os espíritos do folclore húngaro. Ela torna-se
harmônica na potência da faixa título, que incorpora ritmos funk e ingressa no
território desvairado dos Three Quartets de Chick Corea. A presença de Michael Brecker
é sutilmente sentida, com a agilidade das sucessões de notas de Redman e a
tranquilidade do tenor complementada pelas vocalizações de Loueke. Nemeth fragmenta
o álbum com quatro interlúdios: um sonoro solo de guitarra de Loueke; um duo livre
entre bateria e saxofone; um solo de bateria de Nemeth, sintonizando as
comedidas e rítmicas ideias de Max Roach; e Werner só ao piano, na qual
sente-se quase como uma peça perdida dos estudos “Transcendental” de Liszt.
Faixas:
Intro; Triumph; Interlude I; Purpose; Interlude II; Joy; Interlude III;
Longing; Hope; Interlude IV; Sorrow and Wishful Thinking; Hope II.
Músicos: Joshua Redman: saxofones tenor e
soprano; Kenny Werner: piano; Lionel Loueke: guitarra, voz; Ferenc Nemeth: bateria,
percussão; Barbara Togander: voz; Juampi Leone: flauta; Carlos Michelini:
clarinete; Martin Pantyrer: clarinete baixo, saxofone barítono; Richard Nant:
trompete, flugelhorn; Maria Noel Luzardo: oboé.
Fonte : JazzTimes / Aidan Levy
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