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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

GIAN CORREA – MISTURA 7

Ao violão de sete cordas cabia apenas cerzir o rendilhado do choro com seu calço grave, a dita baixaria . Por esse motivo , o maior expoente do instrumento do século passado , Horondino Silva, o Dino 7 Cordas (1918-2006), discípulo dos pioneiros Tute e China, recusava-se a gravar como solista. Só concordou em dividir um disco em 1991 com o aluno Raphael Rabello, virtuose de carreira faiscante, que expandiu os limites do instrumento, seguido por ases como o gaúcho Yamandu Costa e o goiano Rogério Caetano. A proposta do paulista de Caconde Gian Correa neste incandescente Mistura 7 abre outra vertente. Em vez da escolta de cavaquinhos, flautas e bandolins dos regionais de choro, o sete cordas de G
ian dialoga com um quarteto de sax integrado por Josué dos Santos (soprano), Jota P. Barbosa (tenor), Jefferson Rodrigues (alto) e César Roversi (barítono), mais o pandeiro de Rafael Toledo. Nenhum deles cumpre função fixa.

Os sopros tanto desenham as melodias quanto acompanham ou improvisam, tal como o sete cordas e o pandeiro, numa permanente troca de posições e conceitos. Como a intromissão do timbre de pífanos no Rancho dos Transtornados, sob o rufar das cordas do violão. O Tema Tá Chegando abre num batuque dos sax soprano (cuíca), barítono (surdo), tenor (pandeiro), enquanto retine o agogô.  O embate entre  tradição (Baile na Pensão Viana remete a Pixinguinha) e modernidade pontua De Allstar no Choro, possível contraponto vanguardista ao clássico André de Sapato Novo . A ginga de Gian dá nó em Pingo de Ouro, homenagem a ele de autoria de Rogério Caetano. E o reconhecimento de sua precoce maestria também vem de outro contemporâneo, o pianista André Mehmari, na assimétrica louvação Episódio no Sítio de Seo  Zé Correa de Caconde.


Fonte: Tárik de Souza (CartaCapital)

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