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domingo, 3 de novembro de 2013

RALPH ALESSI - BAIDA (2013)

Com 2013 em pleno  outono norte-americano, há um tempo bom para suprir-se de um selo que tem sido com frequência (falsamente) acusado de minimizar o país onde o jazz começou. Excluindo-se reedições, os lançamentos da série regular deste ano da ECM é representada em cerca de 30% por líderes americanos, dando uma natureza crescentemente global ao jazz, sólida e , melhor ainda, quando se considera a consistência qualitativa da ECM. Da impressiva estreia de Chris Potter  como líder no selo  com o disco “The Sirens” a Craig Taborn, que expande as fronteiras em “Chants”,  ao definitivo “Into the Woodwork” de Steve Swallow, a ênfase da ECM nunca tem sido sobre a localização geográfica. Simplesmente, é sobre boa música, esteja onde estiver. Este ano, em adição à soberba música da Grã-Bretanha, Noruega, Itália, Países Baixos e Polônia, há claramente uma plenitude de música vinda especialmente de Nova York.  

 “Baida” é a estreia de Ralph Alessi como líder na ECM. O trompetista primeiro apareceu  no selo no pouco reconhecido “Circa (1997)” de Michael Cain, mas ele está gradualmente construindo uma pequena mas significante discografia como líder e sendo demandado para gravações por todo mundo, indo de Uri Caine  e Scott Colley  a Drew Gress  e Joel Harrison . Gress é, de fato, o baixista escolhido por Alessi para “Baida”, que  reúne novamente o mesmo quarteto responsável pelas faixas de “Cognitive Dissonance (Cam Jazz, 2010)”, um álbum que levanta uma questão bem apropriada: porque Alessi não estabeleceu seu nome como contemporâneos como Dave Douglas  (os dois nascidos com 19 dias de diferença)?

A primeira resposta , provavelmente, está na avançada perspicácia de Douglas nos negócios com a sua gravadora Greenleaf  , resultando em considerável exposição. Alessi, por outro lado, permanece estritamente com a música. Porém que maravilhosa música é. Alessi pode, às vezes,  inclinar-se para o cerebral, como ele faz em "Gobble Gobblins" girando em torno da pulsação implacável do pianista Jason Moran, com o baterista Nasheet Waits  (fazendo a sua estreia no selo) assentando firmemente com Gress, uma marcha militar lentamente abrindo caminho para maior expressionismo sob as tendências virtuosísticas e brilhantes de Alessi, polindo a entonação. As coisas desdobram-se de forma mais avançada quando Moran, que , na meia década passada, apresentou algumas das suas melhores exibições na ECM em gravações com Charles Lloyd , Paul Motian ...e agora, Alessi, interpretando em sua parte composicional com arrebatado estado de espírito. Gress , assumindo um papel em desacordo com a inflexibilidade, que é algo que solidificam as coisas completamente.

Alessi prova sua capacidade para compor melodias com um suavemente contrapontual trompete/piano duo que apresenta a baladesca  "Maria Lydia". Ainda que lento não sempre significar lírico, como as duas versões de "Baida", que suporta a gravação, são delicadas mais melancólicas e mesmo assim angulosas com a embocadura de Alessi , surdina e um desentupidor de pia criando articulações próximas de um vocal, alinhado ao pontilhismo das reviravoltas de Moran e fluidez sobre o suporte em rubato de Gress e Waits. "Chuck Barris" , por outro lado, balança com complexidade rítmica a brilhante entonação de Alessi, engajando-se enfaticamente com as maciças respostas de Moran.

Movendo-se para a ECM e renunciando a produção para Manfred Eicher ambos contribuem para “Baida”, representando a chegada atrasada de Alessi. Mais aberto, mais translúcido e algo mais intrinsicamente puro, “Baida” dá as boas vindas a Alessi na gravadora cuja natural habilidade para encontrar  e formular boa música cheia de energia permanece sem paralelo e fundamental para contínuo sucesso e reputação.

Faixas: Baida; Chuck Barris; Gobble Goblins; In-Flight Entertainment; Sanity; Maria Lydia; Shankl; I Go, You Go; Throwing Like a Girl; 11/1/10; Baida (reprise).

 Músicos: Ralph Alessi: trompete; Jason Moran: piano; Drew Gress: baixo; Nasheet Waits: bateria.

 Gravadora: ECM Records

Estilo: Jazz Moderno


Fonte: JOHN KELMAN (AllAboutJazz) 

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