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domingo, 1 de dezembro de 2013

TIERNEY SUTTON – AFTER BLUE (2013)

Tierney Sutton é a corrente tranquila fluindo através das turbulentas águas do jazz vocal, realizando grandes mudanças e importantes gravações sem agitar mais as águas. Sua presença criativa e influência não pode ser negada quando ouvimos Gretchen Parlato , Becca Stevens , Renee Yoxon e Mark Ferguson  dentre muitos outros. A metafísica musical de Sutton está fundamentada na leveza  musical,  embora explorando as agudas instrumentações do jazz tradicional e seu repertório, transformando-os em um negócio vantajoso. Em  “After Blue”, Sutton vai para longe do standard do grande repertório norte-americano , que pode ser considerado um “novo” grande repertório (canadense) da vocalista e compositora  Joni Mitchell.

A última gravação que Sutton devotou a um único artista foi em 2001, “Blue In Green (Telarc)”, que foi para as composições do pianista Bill Evans. Naquela gravação, Sutton tomou  aquilo que foi , inicialmente, composto como música instrumental dando-lhe voz e , assim, revelando  a dádiva melódica de Evans. Faz o mesmo e expande o escopo das canções de Mitchell, remodelando-as em novos e animadores caminhos.

Sutton apresenta uma bela alquimia vocal com o material de Mitchell. Ela caminha para bastante longe do enquadramento familiar do jazz para transformar sua voz em uma nova força da natureza. Com perfeito conforto, Sutton renova este material com seu canto. Estas  performances estão em pé de igualdade com os originais, não como imitações , mas como completas reassimilações. É isto que deve ser uma arte interpretiva. Esta evolução em torvelinho é o que faz de Sutton uma das duas ou três mais importantes vocalistas pós –período de Fitzgerald-Vaughan-Carter.

Outra área em que Sutton se sobressai  é no colaborativo arranjo destas canções. Ela tem sempre experimentado o formato e não faz alteração de seu modus operandi . Em "Blue", "All I Want", "Little Green" e "Both Sides Now", Sutton está acompanhada pelo Turtle Island String Quartet com arranjo do primeiro violinista David Balakrishnan. O soprano de Sutton é bem ajustado para este tratamento de câmara, fazendo destas peças algo excepcional, particularmente "Blue" e "Both Sides Now".

Sutton privilegia duetos vocais com solo instrumental em "Big Yellow Taxi" onde ela emparelha com o baterista Ralph Humphrey. O frequente colaborador Larry Goldings providencia  um taciturno piano em "Court and Spark" e "Woodstock", enquanto ele  sacode o B3 em "Be Cool" (onde há um dueto de Sutton com Al Jarreau). Sutton encerra o disco com um amálgama de  "April in Paris" e "Free Man in Paris" suportada só por Goldings, que proporciona um humor
crepuscular para fechar este excelente disco.

Faixa: Blue; All I Want; Court and Spark; Don’t Go To Strangers; The Dry Cleaner from Des Moines; Big Yellow Taxi; Woodstock; Little Green; Be Cool; Answer Me, My Love; Both Sides Now; April in Paris/Free Man in Paris.

 Músicos: Tierney Sutton: vocal; Hubert Laws: flauta (5, 9); Peter Erskine: bateria (5, 9); Ralph Humphrey: bateria (6); Larry Goldings: piano, B3 organ (3, 5, 7, 9, 12); Serge Merlaud: guitarra (4, 10); Kevin Axt: baixo (4); Al Jarreau: vocal (9); Turtle Island String Quartet (1, 2, 8, 11).

 Gravadora : BFM

Fonte: C. MICHAEL BAILEY (AllAboutJazz)


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