O paulista Felipe Salles mistura o visceral e o cerebral no seu
fascinante quinto álbum, introduzindo modernismo clássico em melodias com
ritmos leves do seu país natal, o Brasil. E isto não significa tudo. “Departure”
abarca uma sólida e astuciosa configuração de blues (“B’s Blues”), charmosos
sons serpenteantes à la Bartók (“Béla’s
Reflection”), mescla pastoral (“Adagio Triste” apresentando a flauta flutuante
de Salles sobre cordas) e revigorante postbop
em “Natural Selection”, a última faixa.
Suportado por uma banda tão mundana quanto ele, Salles também
exibe um novo aliado, Randy Brecker, um veterano trompetista cuja entonação
cáustica e lirismo indócil reluz na faixa título e “Natural Selection”. A
acidez de Brecker e a encorpação de Salles, entonação mais aquecida no sax tenor
provoca uma inusual e atrativa dinâmica sônica. Há uma qualidade cinemática
para a provocação e estimulação métrica em “Seagull’s Island” e a abordagem de
ritmos brasileiros e de New Orleans em “Maracatu D’Orleans”. Há uma óbvia
educação escolar em Salles na canção
título “Béla’s Reflection” e em “Schoenberg’s Error”. Porém há pouco de
acadêmico em “Departure”. Esta maleabilidade em um álbum refinado está no
trabalho de um fino instrumentista e premiado compositor familiarizado com
qualquer forma musical que experimenta. Mesmo nas baladas—“Adagio Triste” e na bem
encorpada “Awaiting”, destacando-se o tenor de Salles e o adorável piano de Nando Michelin—
traz algo novo para o modelo.
Faixas
1.
Departure 8:54
2.
Seagull's Island 9:05
3.
Béla's Reflection 5:32
4.
Maracatu D'orleans 8:39
5.
Awaiting 4:56
6. B's
Blues 8:31
7.
Schoenberg's Error 8:07
8. . Adagio Triste 5:30
9. Natural Selection 8:22
Fonte:
Carlo Wolff (JazzTimes)
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