
Ao longo do caminho, Parlato encontrou tempo para gravar
dois dos mais criticamente aclamados álbuns vocais da década passada, “In a
Dream” de 2009 e “The Lost and Found” de 2011. Para “Live in NYC” ela o concebeu exclusivamente a partir do seu
repertório. Gravado a partir de duas noites no início de Dezembro passado no
intimista “Rockwood Music Hall”, localizado
no Lower East Side , os trabalhos apresentam alternadas seções
rítmicas, ambas ancoradas pelo pianista Taylor Eigsti, que foi fundamental para
a beleza de “The Lost and Found”. Eigsti primeiro atua com o baixista Alan
Hampton (que também atuou em “The Lost and Found”) e o baterista Mark Guiliana,
e posteriormente com o baixista Burniss Earl Travis II e Kendrick Scott, baterista
nos dois discos de Parlato em estúdio.
Talvez vindo de trabalhos com muitos artistas
extraordinários em muitos excepcionais projetos, mas desassociados da repousante e suave beleza de sua voz , a
mais admirável qualidade de Parlato através destas nove faixas está na sua
intrínseca apreciação por não usar
emendas ofuscantes em seu ambiente musical. Aquele sublime senso de unidade é
tão aparente em Parlato como em Tierney
Sutton. Porém Sutton tem afiado sua
similar impermeabilidade de forma evolutiva, desenvolvida ao longo dos mesmos companheiros
de banda ao longo de 20 anos. Parlato facilmente completa com êxito seus permutáveis músicos, entretanto
mantém o profundamente agradável Eigsti como seu guia.
Como esperado de uma premiada intérprete como Parlato, cada
uma das músicas selecionadas é feita para se sentir rejuvenescido. Ela está particularmente
imaginativa com propulsora narrativa, aqui
evidenciada na sua abertura para “Butterfly”, Parlato navegando nos traiçoeiros
ziguezagues de Herbie Hancock, enquanto evolui suavemente do adejo para o
tumulto e para o copioso, um vigoroso voo antes de serenar e, na furtiva,
“Within Me” com ela e Eigsti arremessando-se
para dentro e para fora de túneis progressivamente mais ameaçadores. Tal
habilidade alcança crescendo no
meio de uma hora de gravação, com uma
viagem de oito minutos através de “JuJu” de Wayne Shorter (não incluída nas
quatro faixas do DVD), Parlato firmemente desenvolvendo-se de forma mais consistente,
assim como ela flui no melancólico e denso emaranhado esculpido por Eigsti,
Hampton e Guiliana.
“Holding Back the Years” de Simply Red e um sucesso de
R&B “Weak” do início dos anos 90 providenciam exemplos genuínos da habilidade
de Parlato para usar sua respiração pera preencher completamente as vantagens
emocionais, magnificamente manobrando-as para capturá-las com obscuridade,
medo, pesar, desespero , esperança, confiança e desejo. Ela encerra com uma leitura deslumbrante da sua composição “Better
Than”. Desdobra-se como botão em flor ao
amanhecer, vindo a se tornar flor quando ela alcança a linha final. “Há um céu
cheio de estrelas,” ela canta, “assim seja apenas o que você é” , apropriadamente
um perfeito acúmulo do seu não afetado, despretensioso e absoluto fascínio
próprio.
Faixas:
Butterfly; All That I Can Say; Alo Alo; Within Me; Holding Back The Years;
JuJu; Weak; On The Other Side; Better Than.
Músicos: Gretchen Parlato: vocal; Taylor
Eigsti: piano e teclados; Alan Hampton: baixo e vocal (1, 3, 4, 5, 6); Burniss
Earl Travis II: baixo e vocal (2, 7, 8, 9); Mark Guiliana: bateria (1, 3, 4, 5,
6); Kendrick Scott: bateria (2, 7, 8, 9).
Fonte : Christopher Loudon (JazzTimes)
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