A interpretação de Ken Peplowski para “Caroline, No” deve
ser a mais bela peça musical gravada em 2013. Tocando saxofone tenor, Peplowski
dá ao clássico de Brian Wilson uma
ternura, um tratamento reverente, explorando pacientemente cada nuance em torno
de oito minutos. Ele com a melodia de forma direta, com nenhuma nota extra, e
então posta-se nos bastidores para deixar sua seção rítmica —o pianista Ted
Rosenthal, o baixista Martin Wind e o baterista Matt Wilson—interagir
tranquilamente entre si. Peplowski retorna com uma rápida e descendente frase,
então oferece uma porção de curtas e aparadas notas, enquanto manobra para
manter o volume baixo. Ele quer nos embalar, não nos impulsionar. Quando ele
volta ao tema, ele apresenta mais drama, mas não mais força. Esta única canção
vale o preço de “ Maybe September”, o novo excelente CD de Peplowski.
Porém o álbum inteiro
é um trabalho de arte (que inclui na capa o quadro “Gas”, de 1940, de Edward
Hopper). É um álbum largamente melancólico, mas o que não significa que todas
as 11 canções sejam para baixo. “Moon Ray” é agitada e feliz, “Main Stem” de
Duke Ellington é um blues de ritmo rápido e “Always a Bridesmaid”, a única inédita,
é rápida e convulsiva, como uma música de Thelonious Monk . Mesmo os números
mais tristes, tais como a faixa título, são mais românticos do que depressivos.
Na maioria das canções Peplowski toca clarinete e o domínio
da entonação do instrumento é correta para o espírito do trabalho. O quarteto utiliza um porção de ar e espaço em “All
Alone” de Irving Berlin e as interpretações de “(Now and Then There’s) A Fool
Such as I” e “I’ll String Along With You” são nostálgicas e retrô sem sentimento antigo e acomodado. As músicas
mais devastadoras são em duetos—“Romanza” (da Clarinet Sonata de Francis Poulenc) com piano e “For No One” , dos Beatles,
com baixo.
O que é espantoso é
que este deslumbrante álbum foi gravado em três horas. Como Peplowski conta-nos
nas notas do disco, os músicos foram organizados no estúdio como em um clube, e eles gravaram direto. O projeto é
algo como um manifesto contra a atual música
“perfeita’, mas com “Maybe September” Peplowski alcançou a perfeição de forma diferente.
Faixas: All
Alone (By the Telephone); Moon Ray; Always a Bridesmaid; (Now and Then There’s)
A Fool Such as I; Romanza; Caroline, No; For No One; I’ll String Along with
You; Main Stem; Without Her.
Músicos: Ken Peplowski: clarinete, saxofone tenor
; Ted Rosenthal, piano; Martin Wind, baixo; Matt Wilson, bateria.
Fonte:
Steve Greenlee (JazzTimes)
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