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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

KEN PEPLOWSKI – MAYBE SEPTEMBER (Capri Records)

A interpretação de Ken Peplowski para “Caroline, No” deve ser a mais bela peça musical gravada em 2013. Tocando saxofone tenor, Peplowski  dá ao clássico de Brian Wilson uma ternura, um tratamento reverente, explorando pacientemente cada nuance em torno de oito minutos. Ele com a melodia de forma direta, com nenhuma nota extra, e então posta-se nos bastidores para deixar sua seção rítmica —o pianista Ted Rosenthal, o baixista Martin Wind e o baterista Matt Wilson—interagir tranquilamente entre si. Peplowski retorna com uma rápida e descendente frase, então oferece uma porção de curtas e aparadas notas, enquanto manobra para manter o volume baixo. Ele quer nos embalar, não nos impulsionar. Quando ele volta ao tema, ele apresenta mais drama, mas não mais força. Esta única canção vale o preço de “ Maybe September”, o novo excelente CD de Peplowski.

 Porém o álbum inteiro é um trabalho de arte (que inclui na capa o quadro “Gas”, de 1940, de Edward Hopper). É um álbum largamente melancólico, mas o que não significa que todas as 11 canções sejam para baixo. “Moon Ray” é agitada e feliz, “Main Stem” de Duke Ellington é um blues de ritmo rápido e “Always a Bridesmaid”, a única inédita, é rápida e convulsiva, como uma música de Thelonious Monk . Mesmo os números mais tristes, tais como a faixa título, são mais românticos do que depressivos.

Na maioria das canções Peplowski toca clarinete e o domínio da entonação do instrumento é correta para o espírito do trabalho. O quarteto  utiliza um porção de ar e espaço em “All Alone” de Irving Berlin e as interpretações de “(Now and Then There’s) A Fool Such as I” e “I’ll String Along With You” são nostálgicas e retrô  sem sentimento antigo e acomodado. As músicas mais devastadoras são em duetos—“Romanza” (da Clarinet Sonata de Francis Poulenc) com piano e “For No One” , dos Beatles, com baixo.

O que é espantoso  é que este deslumbrante álbum foi gravado em três horas. Como Peplowski conta-nos nas notas do disco, os músicos foram organizados no estúdio como em um  clube, e eles gravaram direto. O projeto é algo como um manifesto contra a atual  música “perfeita’, mas com “Maybe September” Peplowski alcançou a perfeição de forma diferente.

Faixas: All Alone (By the Telephone); Moon Ray; Always a Bridesmaid; (Now and Then There’s) A Fool Such as I; Romanza; Caroline, No; For No One; I’ll String Along with You; Main Stem; Without Her.

Músicos: Ken Peplowski: clarinete, saxofone tenor ; Ted Rosenthal, piano; Martin Wind, baixo; Matt Wilson, bateria.

Fonte: Steve Greenlee (JazzTimes)


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