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domingo, 9 de março de 2014

JANE IRA BLOOM – SIXTEEN SUNSETS

Sidney Bechet  foi o pioneiro no uso do saxofone soprano no jazz no início dos anos 20. John Coltrane  tirou “o instrumento de sopro reto” de uma relativa letargia em seu uso em  1959 com uma espécie de hino de Rodgers e Hammerstein, “My Favorite Things" em seu álbum pela  Atlantic Records do mesmo nome. Steve Lacy  levou o soprano mais longe e Dave Liebman  continua a estender suas fronteiras.

O nome de Jane Ira Bloom  pode ser adicionado a esta lista de ícones. Por trinta anos Bloom tem utilizado o saxofone soprano para dar voz ao fértil e determinado espírito artístico. Ela quebrou parâmetros na introdução de eletrônica ao vivo em sua música e tem criado um som singular na variedade de multifacetados projetos, incluindo um trabalho contratado para o NASA Art Program. E a International Astronomical Union denominou um asteroide para ela: 6083janeirabloom.

O trabalho de Bloom em quarteto brilha no  esplendoroso  ” Chasing Paint (Arabesque Records)” de 2003; uma homenagem ao pintor Jackson Pollock, “Mental Weather (Outline)” de 2008, ou o CD à mão ,” Sixteen Sunsets”, uma investigação em forma de balada.

Para um artista avançado, isto é algo surpreendente. Bloom explora os standards aqui, em companhia de quatro de suas canções padrão, com um extraordinário desembaraço e  perseverança. Sua entonação no soprano é a mais pura e rica dos sons,  como se seu instrumento fosse feito de ouro  e seu quarteto , apresentando Matt Wilson na bateria, o baixista Cameron Brown  e o pianista Dominic Fallacaro, toca com uma delicadeza e contenção que dá ao som um sentimento de profundidade e grandeza persuasiva.

Bloom declarou que ela conhece as letras de todas estas canções: "I Loves You Porgy", "The Way You Look Tonight", "For All We Know","Good Morning Heartache". São canções que mergulham profundo na saudade, na angústia, na solidão na ternura do amor. O saxofone soprano de Bloom é sua voz. É ela que conta as estórias das canções com uma graça requintada e compreendendo as vicissitudes da condição humana.

O trio que suporta Bloom desliza na maioria das vezes de modo sutil em seu acompanhamento, mas quando ela se sobressai um pouco o trio movimenta-se com elegância primorosa, como o pianista Fallacaro, com seus toques  maleáveis, distendendo cada lágrima da melodia de "Good Morning Heartache" ou injeta  um contraponto esperançoso contra as tentações dos aborrecimentos em "I Loves You Porgy".

“Sixteen Sunsets” é, seguramente, a gravação mais atrativa de Jane Ira Bloom. É certamente a mais graciosa, sem contestação. E a qualidade sonora está fora deste mundo. Um asteroide fica bem, mas parece antes um corpo celestial de um artista que pode criar algo tão perfeito como este disco. Talvez numa estrela, este brilho único, pode ser encontrado.

Faixas: For All We Know; What She Wanted; Gershwin's Skyline/I Loves You Porgy; Darn That Dream; Good Morning Heartache; Out of This World; Ice Dancing; Left Alone; The Way You Look Tonight; But Not For Me; Primary Colors; My Ship; Too Many Reasons; Bird Experiencing Light.

Músicos: Jane Ira Bloom: saxofone soprano; Dominic Fallacaro: piano; Cameron Brown: baixo; Matt Wilson: bateria.

Gravadora: Outline

Fonte: DAN MCCLENAGHAN (AllAboutJazz)


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