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quinta-feira, 27 de março de 2014

JOHN TCHICAI - JOHN TCHICAI (Storyville)

O falecido saxofonista dinamarquês John Tchicai viveu e gravou predominantemente na  Europa, entretanto ele é melhor conhecido por diversos projetos nos anos 60, alguns denominados pela cidade norte-americana onde residiu naqueles impetuosos anos seminais da avant-garde: o marco Ascension de John Coltrane, o New York Contemporary Five (com Archie Shepp), o New York Art Quartet (com Roswell Rudd) e o New York Eye and Ear Control (uma trilha sonora conduzida por Albert Ayler). Este relançamento duplo, entretanto, combina dois álbuns gravados em Copenhague em 1977 e 1987.

Lançado como “John Tchicai & Strange Brothers”, o primeiro disco encontra o líder tocando saxofone alto, bem como o soprano e flauta de bambú. O sax tenor de  Simon Spang-Hanssen realça bem a linha de frente e a seção rítmica formada por Peter Danstrup (baixo) e Ole Rømer (bateria) maneja esta suingante música. Todo mundo tem uma chance para compor, passando entre a entonação de poemas meditativos e acompanhamentos improvisados marcados por solos desinibidos. “Gromyko Lik Lak” é um dos melhores exemplos da modernidade: Sobre um ostinato no baixo com dupla parada que relembra “Ramblin’”  de Ornette Coleman, os dois saxofonistas trocam solos explosivos com linhas entalhadas. A segunda metade do álbum, selecionada a partir de uma performance no Café Montmartre, consiste em uma suíte de peças breves que muda a forma abruptamente, enquanto mantém-se unida como o primórdio do Art Ensemble. Uma versão de  “I Can’t Give You Anything But Love” revela o lado romântico de Tchicai.

“Put Up the Fight” soa como o trabalho de uma banda completamente diferente a despeito de  manter todos, menos um, músicos da sessão anterior. Desta vez Danstrup toca baixo guitarra e sintetizador e Rømer adiciona guitarra elétrica. Em um ponto da atuação de Spang-Hanssen vem Bent Clausen no vibrafone, guitarra e sintetizador. Eram os anos 80, depois de tudo, mas o escorregadio funk na faixa título ainda vem como um choque de Tchicai, agora no tenor. Não ajuda que esta altamente assentada  vocalização soe alternativamente como  Bootsy Collins e David Thomas da arte punk Pere Ubu. Para ser justo, os arranjos eletrificados e teclados límpidos não são o que  no final das contas causam um desapontamento . O quarteto fia-se em uma porção de simples pegadas— inéditas e trabalhos de Fela Kuti e Antonio Carlos Jobim—  que não parecem inspirar qualquer interação que valha a pena entre Tchicai e o resto da banda. Está especialmente perceptível após Strange Brothers, que é um forte exemplo de grupo em que todos têm um papel ativo na música.


Fonte: Mike Shanley (JazzTimes)

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