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quinta-feira, 13 de março de 2014

LALO SCHFRIN – MY LIFE IN MUSIC (Aleph Records)

A extraordinária carreira do pianista argentino, compositor e maestro Lalo Schifrin, 80 anos, traz à mente a estória do cego e do elefante. Para muitos fãs do jazz, Schifrin é o pianista do quinteto de Dizzy Gillespie de 1960 a 1962. Descoberto em Buenos Aires, ele migrou para Nova York em 1958, e enquanto permaneceu com Gillespie por um relativamente tempo curto ele contribuiu com duas grandes peças para o seu repertório  : Gillespiana, um memorável retrato do trompetista em uma suíte com cinco movimentos, e The New Continent, uma suíte em três movimentos gravada em 1962. Para outros, Schifrin é um compositor para televisão e cinema, melhor conhecido pelo tema de Missão Impossível.  

Porém, esta coletânea de 4 CDs lembra-nos , que ele também escreveu trilhas sonoras para icônicos filmes tais como Dirty Harry, Cool Hand Luke, Bullitt e Coogan’s Bluff. Então, outra vez, aficcionados de música clássica devem clamar pelo seu embasamento em trabalhos como Letters From Argentina ou Metamorphosis, peças misturando elementos de jazz, popular e clássico ou seus álbuns de Jazz Meets the Symphony .

Mantendo aquele espantoso alcance e diversidade em mente, a coletânea “My Life in Music “ oferece uma amostra espertamente selecionada do trabalho de Schifrin. Há muito mais a notar aqui: Ray Charles cantando na propulsiva “The Cincinnati Kid”, a envolta em ação “Tar Sequence”, faixa de Cool Hand Luke, a extravagantemente suave música para Brubaker  de Robert Redford e , claro, o tema de Missão Impossível. Porém há também a potente e explosiva “Panamericana” da sua suíte Gillespiana, e sua prontamente dançante  “Montuno”, da sua Latin Jazz Suite, e a expressiva “Tango del Atardecer” de Letters From Argentina (também da trilha do filme de Carlos Saura, Tango).

As seleções alcançam o período de meado dos anos 60 e estende-se até os anos 2000 e, na maior parte, especialmente os exemplos de trilhas sonoras, são curtas. As maiores peças vêm de seu trabalho mais pessoal tais como “Toccata” de Gillespiana ou “Resonances” de seu ambicioso e amplo trabalho Esperanto. Tudo isto para dizer que mesmo após quatro CDs e  73 faixas,” My Life in Music” é apenas  uma amostra do trabalho de Schifrin.

Atravessar estes diferentes mundos musicais requer mais que uma mente aberta, algum vivo trabalho de pintura e uma sacola cheia de  informações. Como “My Life in Music” demonstra, Schifrin manobra para reconciliar as demandas de frequentes e regulares artifícios para compor para televisão e cinema e seus impulsos puros para criar um substantivo e frequentemente inovador corpo de trabalho.

Fonte: Fernando González (JazzTimes)

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