Autoconfiança espreita no piano e o trompete suaviza para o
imaginado início salvador, que está distante de ser mais fácil de pintar. Tudo que
está ausente são os famosos cinco segundos de silêncio. Ao fim do álbum, entretanto,
está revelado um candidato para o melhor
de 2014.
Imperturbavelmente artístico, o terceiro álbum do trompetista
Ambrose Akinmusire em sua terceira gravação como compositor. Ele, tampouco, toca
em segurança. As 12 composições aqui (mais
uma escrita por Becca Stevens) são peças complexas: múltiplas seções, métricas
complicadas, uma ausência de temas ou formas convencionais. “Vartha”, por
exemplo, inicialmente parece construída em um suave acompanhamento improvisado
em 3/4 pelo guitarrista Charles Altura, pelo baixista Harish Raghavan e pelo
baterista Justin Brown, com o pianista Sam Harris, às vezes, unindo-se a eles. A
entrada de Akinmusire demole a pegada, então restaura-a apenas alongando-a o
bastante para modular em uma nova tonalidade , antes de demoli-la novamente. Outra,
“Bubbles (sublocada dejohn william )”, é uma linear e completa música para a
banda que confunde a tentativa de computar a métrica , ocupa (entre
apresentação e reprise) quatro minutos de três faixas. Provavelmente, não se
transformarão em standards, apesar
desta peças, exitosamente, transmitir profunda emoção no trompete de Akinmusire.
E não há erro: Trompete
é o chamariz, sereno ou não. Em adição ao sexteto de Akinmusire (que também inclui o saxofonista
tenor Walter Smith III), o imaginado salvador belamente apresenta o OSSO String Quartet; flautista Ellen
Penderhughes e a vocalista e letrista Becca Stevens (“Our Basement [ed]”), Theo
Bleckmann (“Asiam [joan]”) e Cold Specks (“Ceaseless Inexhaustible
Child [cyntoia brown]”)—mais a jovem Muna Blake, que aparece para recitar uma
sofrida lista de penetrantes exortações de vítimas do racismo (“Rollcall for
Those Absent”). Ainda, ao longo do trabalho, o agudo, claro e lamentoso instrumento
do líder penetra e golpeia a banda. Deve
carregar um pouco mais do peso de sua ambição, mas “the imagined savior is far
easier to paint” é um maravilhoso e tocante álbum.
Faixas:
Marie Christie; As We Fight (willie penrose); Our Basement (ed); Vartha; Memo
(g. learson); The Beauty of Dissolving Portraits; Asiam (joan); Bubbles;
Ceaseless Inexhaustible Child (cyntoia brown); Rollcall for Those Absent; J.E.
Nilmah (Ecclesiastes 6:10); inflatedbyspinning; Richard (conduit).
Músicos: Ambrose Akinmusire: trompete, Juno Keyboard; Walter Smith: sax tenor; Sam Harris: piano, Mellowtron; Harish Raghavan: baixo; Justin Brown: bateria; Charles
Altura: guitarra (2, 4, 5, 8, 11) ; Becca Stevens: vocal (3); Maria Im: violino
(3, 6, 12); Brooke Quiggens Saulnier: violino (3, 6, 12); Kallie Ciechomsky:
viola (3, 6, 12); Maria Bella Jeffers: cello (3, 6, 12); Elena Penderhughes: flauta
(6); Theo Bleckmann: vocal + efeitos (7); Al Spx: vocal (9); Muna Blake: leitura
(10).
Fonte:
Michael J. West (JazzTimes)
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