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quarta-feira, 14 de maio de 2014

CHUCHO VALDÉS & THE AFRO-CUBAN MESSENGERS – BORDER -FREE (Jazz Village)

O maestro Chucho Valdés, 71 anos, é um dos grandes tesouros da música do mundo. O sentimento do piano encaixa-se abaixo dos seus dedos tão naturalmente como uma respiração para o resto de nós. Sua música tem um sentido popular, ainda que se expanda dentro de uma incrível forma técnica em uma arte elevada. Em seu novo álbum, “Border-Free”, gravado com seu  Afro-Cuban Messengers, Valdés fundamenta seu trabalho na aural história da mãe Cuba, enquanto tece, sem emendas, aspectos do folclore, jazz  e clássicos pra criar uma visão musical singular. Valdés declara sua intenção e apresenta sua incrível técnica e destreza em “Congadanza”, um estonteante número em tempo acelerado escrito como uma celebração de  María Cervantes, a filha do pianista cubano Ignácio Cervantes. Enquanto ele flutua e toca no teclado com fluidez, velocidade e graça, a seção rítmica vem a ser uma orquestra de som afro-cubano. Esta banda é um grupo comovente, com Dreiser Durruthy Bombalé nos batás, Rodney Barreto Illarza na bateria , Yaroldy Abreu Robles na percussão e Ángel Gastón Joya Perellada no baixo. Todos são jovens, classicamente treinados e incendeiam como uma unidade coesa. Eles colaboram belamente no contexto das cuidadosas composições de Valdés. Em  “Afro-Comanche” , ele acende a luz em um pouco conhecido evento histórico .  Nos anos  1700, após a derrota do exército espanhol na área que agora é o Texas, 700 índios comanche foram feitos prisioneiros, e levados do México, para a Espanha e para Cuba. A maioria morreu devido às condições impostas, mas alguns se misturaram com os  afro-cubanos da ilha. Empregando ritmos na bateria da tribo Comanche que muda gradualmente em aparência e forma dentro das batidas africanas, Valdés apaixonadamente chama a atenção para as condições delas. Uma das mais tocantes canções do trabalho é “Bebo”, escrita em honra de seu pai, o grande líder de orquestra e pianista falecido em 22 de março de 2013. A música se ajustaria perfeitamente ao repertório de Bebo. Valdés usa um improviso ao estilo de Bebo com sua mão esquerda, enquanto sola com seu próprio estilo com a mão direita. É um bonito efeito. O saxofonista convidado Branford Marsalis atua maravilhosamente nesta faixa e em duas outras. A seção de instrumentos de sopro é complementada pelo fino trompetista Reinaldo Melián Alvarez. Porém a música que verdadeiramente cortou minha respiração foi “Pilar”, composta pela mãe de Chucho. Inicia com um muito particular dueto entre Valdés e o baixista Joya, uma jovem estrela em formação que,aqui, emprega sua poderosa técnica no uso do arco . Quando a seção rítmica entra, a canção já arrebatou seu coração. Um filho nunca amou mais sua mãe na música.

       Faixas

1 Congadanza
2 Caridad Amaro
3 Tabu
4 Bebo
5 Afro-Comanche
6 Pilar
7 Santa Cruz
8 Abdel


Fonte: FRANK ALKYER (DownBeat)

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