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domingo, 4 de maio de 2014

PAT METHENY UNITY GROUP - KIN (←→) [Nonesuch Records]

Desde 1980, quando o guitarrista Pat Metheny veio a ser uma grande estrela do jazz , o bastante para gravar o que ele quisesse, ele tinha mais ou menos alternado empreendimentos avant-garde com projetos mais populares. Suas colaborações amigáveis com o tecladista Lyle Mays nos anos 80 e 90 foram entremeadas com parcerias mais aventurosas com Ornette Coleman, Charlie Haden e Steve Reich.

O ano passado, Metheny lançou “Tap: Book of Angels, Volume 20”, uma coleção de complicadas, às vezes  dissonantes composições de John Zorn , emocionalmente executadas por um multifacetado Metheny e seu regular baterista , Antonio Sánchez. Este ano o guitarrista retornou com uma gravação mais convencional, “Kin (←→)”, com a sua recente Unity Band (Sánchez, o baixista Ben Williams e o saxofonista Chris Potter) complementado pelo tecladista Giulio Carmassi—e adequadamente renomeado como Unity Group. É um álbum de fortes temas melódicos, estruturas acessíveis  e agradável toque tonal, ainda que seria tolice repudiar “Kin (←→)” como uma mera concessão comercial.

A melodia escrita é a habilidade mais menosprezada no jazz atual, talvez por que seja mais rara. Há milhares de músicos de jazz que se congratulam em escrever em  7/4 e  9/4 e mudar seus solos de tonal para atonal e voltar outra vez. Porém como muitos deles podem escrever  uma balada que alguém deve querer sussurrar para um namorado(a)? . Metheny compôs duas destas baladas para seu novo álbum: uma antiquada estória de amor “Adagia” e um hino pastoral “Born”. Ambas esculpem belas músicas , plena de sentimentos, que o ouvinte quer escutá-las outra vez e mais uma , quando cada solista toma um momento do solo.
As músicas em tempo médio ou agitadas contêm forte material melódico. Porém, estas não estão em demasia. Um fã de jazz quer ouvir a dramaticidade do conflito e resolução, invenção e reinvenção. É fácil gerar tal dramaticidade com estratégias do avant-garde — inesperadas justaposições de tonalidades, texturas e tempo. Porém o que fazer dentro do contexto do  mainstream , especialmente no momento em que a experimentação de vanguarda faz o jazz popular parecer tedioso pelo contraste?.

Metheny resolve este problema escrevendo não apenas um tema para  cada composição mas dois , três ou quatro. Deste modo ele gera tensão e lança subitamente mudança de um tema para outro, indo de cada tema apresentado para improvisações, tendo alguns instrumentos  ressaltados, enquanto outros improvisam e tocam o mesmo tema nas baladas e trabalhos em tempo médio ou agitado. Esta abordagem é mais óbvia nos 15 minutos da faixa de abertura,  “On Day One”, que cresce e diminui em volume, intensidade e  altura do som , tal como se move de seção para seção.

Tais arranjos só funcionam se você tem uma banda regular que pode aprender, ensaiar e atuar com roteiro pré-estabelecido até eles soarem espontâneos. O “Unity Group” é apenas esta banda. Potter assumiu o papel de Lyle Mays como principal realce, frequentemente  formatando seu sax soprano contra a guitarra de Metheny para um trabalho em dueto em cada tema , então passando para o tenor para solos para quem tem folego.  

Quando a linha de frente está repetindo, especialmente, riffs e vamps atrativos, a seção rítmica de Sánchez e Williams criam a tensão necessária para mudança  nas partes deles com cada repetição. Williams cria suas próprias alterações no material melódico, solando liricamente dedilhando ou usando o arco nos baixos acústico e elétrico. Carmassi, que vem do mundo pop dos grupos de Emmy Rossum, Will Lee e Chuck Loeb, sola menos que o baixista, mas suas partes no piano e teclados , bem como seu reforço em vários instrumentos de sopro e scat vocal, criam um completude orquestral ausente da Unity Band de 2012.
Metheny faz um rápido aceno para suas tendências pós-modernas com “Genealogy” em 38 segundos, sequências à la Ornette em reviravoltas afiadas, que o quinteto  impulsiona com talento. Assim, o guitarrista sugere que o músicos de jazz não deveriam limitar-se eles mesmos apenas à avant-garde ou apenas à música mais tradicional — e os ouvintes também.

Faixas: One Day One; Rise Up; Adagia; Sign of the Season; Kin (←→); Born; Genealogy; We Go On; Kqu.

 Músicos: Pat Metheny: guitarra, violão, guitarra sintetizada, eletrônica, Orchestrionics, sintetizadores; Chris Potter: saxofone tenor , clarinete baixo, saxofone soprano , clarinete, flauta, flauta baixo; Antonio Sánchez: bateria, cajón; Ben Williams: baixos acústico e elétrico; Giuilio Carmassi: piano, trompete, trombone, French horn, cello, vibrafone, clarinete, flauta, gravador, saxofone alto , Wurlitzer, assobio, vocal

Fonte: Geoffrey Himes (JazzTimes)



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