O que vem primeiro a pianista ou a compositora? . Mesmo no
seu excepcional álbum solo de 2011, “Aeriol Piano”, a resposta foi evasiva, face
à simplicidade do seu ato composicional e às amarras do seu toque e
improvisação. Na gravação do novo quinteto de Davis, “Capricorn Climber”, a
artista, estabelecida no Brooklyn, está ajustada na interação do grupo e
especialmente com a sua sonoridade, sendo mais difícil escolher os lados do seu
talento individual.
Entre pianistas da
nova escola, Davis é uma das menos dispostas com os passos acelerados, tão
engajada como solista como ela tem provado ser. E mesmo quando ela está
assumindo a liderança, ela age amplamente como facilitadora, realçando por toda
a parte o som com modulações afiadas,
classicamente com linhas coloridas e
ribombos percussivos. A banda ostenta outros dois excepcionais solistas,
o saxofonista tenor Ingrid Laubrock, um frequente parceiro, e o ás da viola,
Mat Maneri, que é novo em seu círculo e toca de forma bravia com seu lirismo
reforçado. Porém, Laubrock e Maneri também exercitam a contenção para servir à
estética do grupo.
“Capricorn Climber” é
sonhador, mais reflexivo e mais divertido que “Rye Eclipse”, o às vezes áspero
álbum em quarteto de Davis de 2008. O quinteto, apresentando o baixista Trevor Dunn e o baterista Tom Rainey, alterna-se entre ataques bruscos e
melodias vivas, efeitos de flutuação livre e difíceis invenções. Construindo na
brilhantemente inventiva melodia manifesta no carrilhão de Rainey, “Trevor’s
Luffa Complex” move-se em ligeiro estilo, indo do minimalismo ao estilo de livre expressão de Ornette.
Duas das músicas, realçando o desembaraço de Laubrock em passar do clássico som
do tenor às modernas irrupções guturais, vindo como mini-suítes com súbitas mudanças de
humor e estratégia composicional. Nossa consciência do poder sendo mantida em reserva
adiciona a impressão que o álbum provoca.
Fonte:
Lloyd Sachs (JazzTimes)
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