É fácil combinar sentimentos sobre “Überjam Deux” do guitarrista John Scofield.
Voltando a 2002, a primeira montagem foi recusada: buzinada, zumbida, chiada e
arranhada. Um ano depois, ” Up All Night” surgiu como um sucessor legítimo, continuando a retraçar linhas entre
jazz, funk e música eletrônica. Os álbuns
demandam contemplação e baile. Dez anos mais tarde, “Überjam Deux” parece como
uma reflexão tardia. Em qualquer medida, soa como um pálido eco do que veio
antes.
A sequência sempre é
um risco de autoparódia. Aqui, o perigo é real. Na terceira faixa do álbum,
“Endless Summer”, seis minutos de puro Scofield são injetados com cada
elaboração que um MacBook pode reunir:
bordas, sincronias, dilações digitais, um seguimento que soa suspeitosamente como “Boom Boom Pow” e o resultado é indiferença.
“Überjam Deux” conscientemente transita nos dois caminhos. Para
melhor, “Al Green Song” e “Snake Dance” apresentam exatamente o que elas
prometem. Em “Torero”, Scofield e seu
frequente colaborador John Medeski (teclados) salientam o que têm de melhor: serpenteios
tensos e relaxamento. Entretanto, outras músicas como “Dub Dub” e “Scotown” são
rememorativas do jazz dançante , que são apenas divertidas.
A despeito de composições medianas, os músicos fazem deste
álbum algo que não pode ser dado como
perdido. Mais do que ninguém, Scofield tem afiado sua própria linguagem para a
guitarra, expondo inflexões e batalha de cordas, notas beliscadas e escalas
rendilhadas. É o preço que custa só para ouví-lo trabalhar sobre sua habitual seção rítmica.
Com quarenta e dois álbuns em estúdio, John Scofield tem
feito sua carreira desafiando expectativas. Com sua última gravação, deve ser
melhor não tê-la.
Faixas: Camelus;
Boogie Stupid; Endless Summer; Dub Dub; Cracked Ice; Al Green Song; Snake
Dance; Scotown; Torero; Curtis Knew; I Just Don't Want To Be Lonely; G.P
Shuffle (Japan only).
Músicos: John Scofield: guitarra; Avi
Bortnick: guitarra, samples; Andy
Hess: baixo; Adam Deitch; bateria (1, 2, 4, 5, 6, 10-12); Louis Cato: bateria
(3, 6, 8, 9); John Medeski: órgão, Wurlitzer
e mellotron (2, 4, 6, 10-12).
Fonte : Zach Hindin (JazzTimes)
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