Paramentado com chapéu e lenço característicos na foto da
capa do CD Canción Andaluza , o
violonista Paco de Lucía evoca a região natal numa coleção de coplas , gênero
do folclore do sul da Espanha. São apenas oito faixas, lapidadas no estúdio
Casa Paco, na Ilha Maiorca. Trata-se de um inesperado legado precoce após
ataque que o vitimou, aos 66 anos, em Playa del Carmen, no México, em fevereiro
, pouco meses após sua turnê brasileira no novembro anterior.
Há anos, Francisco Sánchez, o Paco de Lucía ( o nome de sua
mãe) pretendia gravar estas canções tradicionais com arranjos reformistas ,
como os aplicados ao abrangente flamenco, disseminado por ele em escala
planetária. Virtuose conhecido pelo vigor acústico de sua execução numa
atmosfera próxima do rock, esse nativo de Algeciras projetou-se a partir do
solo La Fabulosa Guitarra de Paco de
Lucía (1967), seguido por dez álbuns em parceria com o cantor Camarón de La
Isla. Derrubou tabus, associando-se ao jazz fusion do pianista Chick Corea e às
guitarras de John McLaughlin e Al Di Meola, no disco Friday Night In San Francisco , 1980.
Seu violão também cerziu a balada de sucesso de Djavan Oceano e o pop do canadense Bryan
Adams, Have You Ever Loved a Woman ? .
Nesse último álbum, o hibridismo tinge Señorita,
pontuada por congas caribenhas por Oscar de Leon. Estrella Morente brande a
emissão melíflua em Te He de Querer Mientras
Viva. Zambra Gitana baila na voz
amarfanhada do cantor Parrita.
Titular de todas as cordas da gravação, do violão ao alaúde
mouro, Paco é escoltado ao longo do roteiro apenas por eventuais baixo, percussão, palmas e jaleos (gritos de estímulos) em temas
candentes como Ojos Verdes, Quiroga por Bulerías e Maria de La O. Sua eloquência instrumental dispensa aparatos.
Faixas
1 María
De La O 3:56
2 Ojos
Verdes 4:46
3 Romance
De Valentía 4:03
4 Te
He De Querer Mientras Viva 3:32
5 La
Chiquita Piconera 3:22
6 Zambra
Gitana 4:06
7 Quiroga
Por Bulerías 6:11
8 Señorita
5:52
Fonte : Tárik de Souza (CartaCapital)
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