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domingo, 11 de janeiro de 2015

SEAN JONES - IM•PRO•VISE – NEVER BEFORE SEEN (2014)


Sean Jones, o ex-líder do naipe de trompetes da Jazz at Lincoln Center Orchestra, nunca se ocultou por trás de qualquer coisa ou de alguém quando ele toca. Dito isto, é ainda digno de nota que ele puxe a Cortina atrás de si, revelando mais de si mesmo que no passado. Este álbum — seu sétimo, em dez anos, pela Mack Avenue — não tem nenhuma sobreposição, nenhuma janela percussiva decorando, nem outras formas dos metais partilharem o espaço na linha de frente e nenhum convidado. É  Jones na mais pura e poderosa  apresentação própria como ele mesmo diz : "Uma reintrodução do que eu sou".

O raio de ação de Jones no trompete — literalmente, estilisticamente e expressivamente falando— está em completa exibição aqui. Seu som pode brilhar suavizado ou  bravio em diferentes ocasiões, ou mesmo quase imediatamente, e seu olhar atento pode mover-se do vigoroso ao doce  na batida do coração. Ele pode casar a pura beleza e poder como poucos outros ("The Morning After"), e ele o faz de forma clara de forma que um foco pós-moderno e a ternura para as tradições de sua música não são mutuamente exclusivas.

Jones está em ótima forma, flutuando como uma borboleta e picando como uma abelha sobre a excitante bateria de Obed Calvaire em "60th & Broadway". A faixa seguinte —"Dark Times"—tem Jones atuando em uma zona que poderia ser melhor descrita como um encontro de Terence Blanchard com Ambrose Akinmusire . O solo do pianista Orrin Evans é o ponto alto em "Interior Motive",  esboçando o foco, e a relação entre Evans e Jones é destacada quando   "The Morning After" inicia. O piano de Evans brilha como os raios do sol do amanhecer e o amplo trabalho do instrumento de Jones favorece  ao brilho do quadro como a música  posterior.

Estas primeiras quatro peças são todas sobre a visão e voz de Jones, mas as três canções que segue lhe possibilitam, claramente, ligar seu instrumento à história da música. "I Don't Give A Damn Blues" uma criação artística da banda que permaneceu por toda a parte, encontra Jones e companhia trabalhando com uma linguagem referenciada no título. "Dr. Jekyll" construída em cima da condução do baixo de Luques Curtis, topa com Evans flutuando em torno do tempo durante seu solo. Jones vai na direção oposta quando ele assume o comando, dirigindo à frente , indo para a pausa, e colocando tudo na linha. "How High The Moon" o último número na trilogia de músicas conectadas com a tradição, encontra o trompetista tomando liberdades com as cadências rítmicas do clássico, enquanto permanecendo fiel e verdadeiro à melodia em si mesma.

O último estirão do álbum apresenta calma, ainda que vívida, balada ("We'll Meet Under The Stars"); uma ebulição comandada pelo ótimo Calvaire ("New Journey"); uma inédita de Evans que é relativamente tradicional em sua perspectiva ("Don't Fall Off The L.E.J.") e uma tocante tomada com trompete e piano em um número de Stephen Sondheim que Jones dedicou à sua mãe ("Not While I'm Around"). Cada uma exibe um lado de diferente da sua capacidade artística.

Embora tenha tocado, no passado, em alguns dos estados de espírito e ideais musicais apresentados aqui, ele sempre o fez arrumado dentro da moda . Aqui, ele desnuda-se continuamente, apresentando a si mesmo como ele verdadeiramente é. Este é o mais claro, o mais direto retrato de Sean Jones, dando uma visão de 360 graus de um dos mais talentosos trompetistas em ação nos dias de hoje.

Faixas: 60th & Broadway; Dark Times; Interior Motive; The Morning After; I Don't Give A Damn Blues; Dr. Jekyll; How High The Moon; We'll Meet Under The Stars; New Journey; Don't Fall Off The L.E.J.; Not While I'm Around.

 Músicos: Sean Jones: trompete; Orrin Evans: piano; Luques Curtis: baixo; Obed Calvaire: bateria.

 Gravadora: Mack Avenue Records

Estilo: Beyond Jazz

Fonte : DAN BILAWSKY (AllAbouJazz)

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