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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

MATT MITCHELL – FICTION (Pi Recordings)

O nome de Matt Mitchell começou a saltitar nas telas dos radares do jazz cerca de três anos atrás. Seu trabalho como acompanhante é destacado e forte em notáveis gravações como em Snakeoil  de Tim Berne e Be Still  de Dave Douglas. Em 2011, o New York Times o nomeou como um dos “Quatro pianistas em ascensão na cena do jazz”.

É, por consequência, surpreendente, que a estreia de Mitchell como líder seja espetacularmente sem atrativos. Quando “Fiction” inicia com o martelante ciclos musicais de “Veins” você se sente como estivesse  batido a cabeça com algo  diminuto e pesado. Você espera que “Veins” seja apenas um prólogo confrontacional, intencionalmente irritante para chamar sua atenção. Não é. A gravação completa é complicada, densa, obsessiva, barulhenta, inflexível e fria como a matemática.

O informe à imprensa  (ao qual o consumidor não terá acesso) explica as origens deste projeto: Mitchell concebe as 15 peças de “Fiction” como estudos para prática, “pequenos quebra-cabeças musicais  ... para testar os limites das suas habilidades técnicas ao piano”. Ele começou usando-os em uma excursão com Tim Berne para animar. Ches Smith, o baterista de Berne, juntou-se a ele. Os dois começaram a integrar a improvisação nos quebra –cabeças de Mitchell.

O resultado é este álbum em duo, e é mecanicamente formidável. Mitchell e Smith improvisam, enquanto negociam enormes saltos interválicos e mudanças com passagens de tempo esquizofrênicas. Há redes de contrapontos como labirintos. Às vezes, como em “Singe”, as duas mãos de Mitchell vivem em dois mundos separados , harmônica e metricamente. Mitchell tem dito que ele quer “tocar coisas que não tenha tocado antes”. Ele consegue. Uma das singulares qualidades de “Fiction” é a justaposição  da severidade clássica de Mitchell com  a impulsiva torpeza punk de Smith.
Porém é raramente divertido para ouvir, para praticar exercícios, mesmo quando eles são engenhosos e desafiantes. Esta gravação nunca transcende inteiramente suas origens. “Fiction” é fácil para admirar e difícil de amar.

Faixas: Veins; Brain Color; Upright; Singe; Wanton Eon; Dadaist Flu; Commas; Id Balm; Ohm Nuggets; Diction; Tether; Action Field; Specialty Hug; Nightmare Tesseract; Narcotic Bases.

Músicos: Matt Mitchell: piano; Ches Smith: bateria, percussão, vibrafone.


Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)

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