
É, por consequência, surpreendente, que a estreia de Mitchell
como líder seja espetacularmente sem atrativos. Quando “Fiction” inicia com o
martelante ciclos musicais de “Veins” você se sente como estivesse batido a cabeça com algo diminuto e pesado. Você espera que “Veins” seja
apenas um prólogo confrontacional, intencionalmente irritante para chamar sua
atenção. Não é. A gravação completa é complicada, densa, obsessiva, barulhenta,
inflexível e fria como a matemática.
O informe à imprensa (ao qual o consumidor não terá acesso) explica
as origens deste projeto: Mitchell concebe as 15 peças de “Fiction” como
estudos para prática, “pequenos quebra-cabeças musicais ... para testar os limites das suas
habilidades técnicas ao piano”. Ele começou usando-os em uma excursão com Tim
Berne para animar. Ches Smith, o baterista de Berne, juntou-se a ele. Os dois
começaram a integrar a improvisação nos quebra –cabeças de Mitchell.
O resultado é este álbum em duo, e é mecanicamente
formidável. Mitchell e Smith improvisam, enquanto negociam enormes saltos
interválicos e mudanças com passagens de tempo esquizofrênicas. Há redes de
contrapontos como labirintos. Às vezes, como em “Singe”, as duas mãos de Mitchell
vivem em dois mundos separados , harmônica e metricamente. Mitchell tem dito
que ele quer “tocar coisas que não tenha tocado antes”. Ele consegue. Uma das
singulares qualidades de “Fiction” é a justaposição da severidade clássica de Mitchell com a impulsiva torpeza punk de Smith.
Porém é raramente divertido para ouvir, para praticar
exercícios, mesmo quando eles são engenhosos e desafiantes. Esta gravação nunca
transcende inteiramente suas origens. “Fiction” é fácil para admirar e difícil
de amar.
Faixas:
Veins; Brain Color; Upright; Singe; Wanton Eon; Dadaist Flu; Commas; Id Balm;
Ohm Nuggets; Diction; Tether; Action Field; Specialty Hug; Nightmare Tesseract;
Narcotic Bases.
Músicos: Matt Mitchell: piano; Ches
Smith: bateria, percussão, vibrafone.
Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)
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