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segunda-feira, 9 de março de 2015

LOS CUATRO – OUTROS CAMINHOS DO CHORO (Acari Records)

No princípio era a polca. Dança em compasso binário originária da Boêmia, teria desembarcado na América trazida pelas cortes europeias no século XIX. No Brasil, misturou-se ao tango local, habanera, scotisch e ritmos africanos antes de desaguar no choro, título derivado da forma plangente de tocar esse amálgama de gêneros. Outros Caminhos do Choro, do Los Cuatro, dilata tais intercâmbios, a partir da formação do grupo. Dele participam o bandolinista carioca Pedro Aragão, diretor do Instituto Jacob do Bandolim e solista da Orquestra de Câmara da Unirio, mais o clarinetista e saxofonista lisboeta Rui Alvim, do grupo  Água de Moringa, que gravou com Yamandú Costa, Maurício Carrilho e Nailor Proveta. E ainda o violonista e compositor peruano Sérgio Valdeos, de atuações com Pillar de la Hoz, Suzana Baca, Jane Duboc e Guinga e a flautista de Kobe Naomi Kumamoto, moldada nas orquestras sinfônicas do Japão, mas radicada no Rio desde 2001, onde é professora da escola Portátil de Música.

O disco abre na saltitante polca nativa Está se Coando, do início do século passado, atribuída ao maestro Anacleto de Medeiros (1866-1907), pontilhada pela flauta. Em desacordo com o título, a compassada Sambita  é uma marinera de entonação andaluza. Repleta de rodopios bordados ao violão, valseia a peruana Idolatria, de Oscar Molina Pena, da velha-guarda do criollismo limenho. Do venezuelano Luis Laguna (1926-1984), o merengue El Saltarín, picotado em compasso 5/8, incita o bailarico, quase em pzicatto, do bandolim. De Valdeos, do Los Cuatro, Sea Point , requebra entre o samba e o sotaque percussivo de Cabo Verde. E o périplo retorna ao País, na ancestral polca Soluçando, do trombonista Candinho (1879-1960), num entrelaçar de estética e latitudes.


Fonte : Tárik de Souza (CartaCapital)

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