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sexta-feira, 13 de março de 2015

MARK TURNER – LATHE OF HEAVEN (ECM Records)

Mesmo músicos cerebrais necessitam conectar-se emocionalmente com suas audiências. O saxofonista tenor Mark Turner, que é tão cerebral como elas são, luta com esta tarefa em “ Lathe of Heaven”. Seu primeiro álbum como líder desde “Dharma Days” de 2001, “Lathe” efetiva um dilema que o predecessor meramente sugeriu: Turner tem as ferramentas técnicas para construir tensão e suspense em sua música, mas tropeça quando vem mostrá-la relatável.

 As melodias compostas sucedem-se mais frequentemente que as improvisações. “Year of the Rabbit” inicia com ostinato em 5/4 do baixista Joe Martin (intenso nas paradas duplas) e o baterista Marcus Gilmore, evocando mistério que já é poderoso antes de Turner e do trompetista Avishai Cohen o salientarem com suas harmonias no tema principal. Dissipa-se com o 4/4 do tema secundário, entretanto, e pelos solos de Cohen e Turner a música vem a ser enfadonha e vazia. Há uma canção melhor ,“Ethan’s Line”, mas a faixa vem a ser menos interessante  quanto as improvisações de Turner são levadas daquele território para uma métrica  livre e solta. A tensão encontra-se no conhecimento de Turner sobre harmonia –intelectual antes que  busca visceral.

Uma das seis faixas do álbum surge conectada completamente: “Sonnet for Stevie” um número longo, lento e sombrio, cuja  frieza conduz este tempo e adiciona drama ao caso. Os ritmos são firmes quanto às harmonias, e mesmo quando o solo de Cohen flutua um pouco , o faz em feitio atrativo. Enfim, é seguido pelo encerramento, “Brother Sister”, a música mais laboriosa do álbum (em execução e audição). Seu desinteresse emocional faz parecer não relaxada, mas  inerte, e um final falso que inspira só exasperação. Isto apenas ilustra todos os problemas de “Lathe”.

Faixas: Lathe of Heaven; Year of the Rabbit; Ethan's Line; The Edenist; Sonnet For Stevie; Brother Sister.

Músicos: Mark Turner:  saxofone tenor ; Avishai Cohen: trompete; Joe Martin: baixo; Marcus Gilmore: bateria.


Fonte : Michael J. West (JazzTimes)

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