Artífice de um samba chorão, calcado em vocal cálido,
compassado, Paulinho da Viola revolveu o velho gênero basilar sem descaracterizá-lo.
À exceção do excluído disco de estreia com seu nome, de 1968, os dez títulos
editados na década de 1970 da caixa Ruas
Que Sonhei sumarizam essa bossa
inovadora, pessoal e não repetível , despida de infiltrações jazzísticas , mas
afeita a dissonâncias e experimentações. Completa o pacote o CD Raridades, de gravações avulsas como os
temas de novelas Simplesmente Maria
(1970) e Pecado Capital (1975) e as
concorrentes de festivais Canção para Maria (com Capinan), de
1966, e Sinal Fechado, vencedora de
1970. Há encontros com o parceiro de afinidades estéticas Elton Medeiros (Amor Proibido) e integrantes da Portela
(Um Certo Dia para 21), incensada em Foi
um Rio Que Passou em Minha Vida.
A faixa nomeia o primeiro disco, onde se incluem pepitas de
fino lavor, como Nada de Novo ,Tudo de
Transformou, Não Quero Você Assim. Há mais itens de antologia, como o
dolorido álbum Nervos de Aço, do
suicida Comprimido e do descalibrado Roendo as Unhas. Um cintilante cravo
pontua Num Samba Curto e Para Ver as
Meninas, do disco que levou o nome do compositor em 1971, com
a valsa Vinho Finos ...Cristais. Em
dois títulos de edição simultânea, Memórias – Chorando e Cantando - , de 1976,
confronta suas fontes no samba e no choro. Nos desvãos entre a tradição e o
reformismo, Paulinho da Viola forjou um percurso luminoso, à cavaleiro do
tempo.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte : Tárik de Souza (CartaCapital)
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