Após meio século como proeminente compositor de jazz e
músico, aos 73 anos , o tecladista Chick Corea está em um local raro como
artista , que pode lançar praticamente qualquer coisa que ele queira. Nos anos
recentes, sua incrível quantidade de lançamentos tem incluído diversas coisas
do piano-solo, duos e trabalhos de
repetição com o Return to Forever. Mesmo
seus lançamentos, como estes três CDs com uma coletânea de material ao vivo ,
durando aproximadamente três horas e meia são explosivos. Arrasador ? Talvez. Porém,
afortunadamente, a banda de Corea , aqui, apresenta o baixista Christian
McBride e o baterista Brian Blade, formando um trio notável em comparação aos
grandes trios acústicos formados por Miroslav Vitous e Roy Haynes a Eddie Gomez e
Paul Motian.
Cinco anos atrás, McBride tocou baixo elétrico e Blade substituiu
Vinnie Colaiuta na excursão da Five Peace Band de Corea, coliderada com o guitarrista John
McLaughlin e também apresentando o saxofonista Kenny Garrett. Assim a química
dentro deste trio é evidente desde o
início. A composição de abertura de Corea, “You’re My Everything”, imediatamente
refletem os interativos ouvidos do suingante Blade, que responde às frases do pianista
com baquetas e escovinhas e McBride providencia a cola com modulações e
linhas para passeio.
Corea reinterpreta quatro peças: “Recorda Me” de Joe Henderson, a extravagante “Work”
de Thelonious Monk, realiza nova e deliciosa leitura de “The Song Is
You” e “My Foolish Heart” , sendo esta última capturada em Madrid com
convidados estelares espanhóis ,Niño Josele (guitarra) e Jorge Pardo (flauta). Ambos
retornam para uma incendiária versão em 18 minutos de “Spain” de Corea.
Os locais de gravação abrange vários ambientes como os créditos dos compositores, de Washington, D.C., e Oakland, Califórnia., a
Suíça, Áustria, Eslovênia, Turquia e Japão. O disco dois entremeia material do
cancioneiro norte-americano (“Alice in
Wonderland”, “It Could Happen to You”, “How Deep Is the Ocean”) com outro
excelente número de Monk (“Blue Monk”), e uma composição de Corea, “Armando’s
Rhumba” , e um par de surpresas. “This Is New” de Kurt Weill é um grato destaque ao primoroso toque de Corea, à liberdade de McBride
e a pegada melódica de Blade. E Scriabin nunca poderia ter imaginado que este
trio tomaria seu “Op. 11, No. 9” para uma exibição democrática de chamada e
resposta para os três músicos.
O disco três encerra com algo antigo após duas longas peças
de algo novo. “Homage” de Corea é
dedicado ao falecido gênio da guitarra flamenco Paco de Lucía, e o pianista
captura sua essência através de uma
impetuosa introdução desacompanhada e seções variando do sombrio ao
espirituoso. A nunca gravada anteriormente
“Piano Sonata: The Moon” de Corea ,
registrada em meia hora, é um jogo fechado escrito e improvisado de seções
preenchidas com inícios e paradas, crescendos
e espaço. Seu impecável seguimento é a joia “Someday My Prince Will Come” cantada
pela esposa de Corea, Gayle Moran, que motivou a multidão em Sapporo, Japão, a
explodir. O par inicia a canção como dueto antes de McBride e Blade entrarem, divertidamente
acentuando as sutilezas de Corea antes
de Moran sustentar 22 segundos de nota em alto registro para encerrar (ela era,
alguns devem ter esquecido, a vocalista e tecladista do Return to Forever e da Mahavishnu
Orchestra nos anos 70).
Este extenso trabalho em três CDs oferece um pouco de compilação e deve mesmo vir como
algo autoindulgente. Então, outra vez, as chances para que quase cada ouvinte destes
concertos deixassem o local querendo mais. Com “Trilogy”, eles já têm o que desejam.
Fonte : Bill Meredith (JazzTimes)
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