O que faz a música improvisada uma arte única é que cada
peça pode ser criada só por aquelas pessoas, lá, naquele momento. “City of
Asylum”, a esplêndida gravação do baixista Eric Revis, do pianista Kris Davis e
do baterista Andrew Cyrille, só poderia
ter sido feita por estes três músicos no Samurai Hotel, Nova York, em 12 de Abril
de 2012. Músicos diferentes, distinta localização, dia diferente— todas as
coisas teriam sido diferentes.
“City of Asylum”
funciona maravilhosamente e é um testamento da ideia brilhante de Revis em
reunir tais distintos instrumentistas (Revis, melhor conhecido pelo seu
trabalho no quarteto de Branford Marsalis, diverte-se fazendo isto. Seu disco
anterior pela Clean Feed apresentou o
pianista Jason Moran, o saxofonista Ken Vandermark e o baterista Nasheet Waits).
Cyrille e Davis são os opostos em suas carreiras, com Cyrille sendo famoso por
trabalhar com o pianista Cecil Taylor nos anos 60, e Davis começando a angariar
o título de um dos mais promissores músicos na cena jazzística de Nova York .
O estilo minimalista de Davis viceja neste trabalho, e o
suporte do trio para cada um não poderia ser mais convincente. Sete das 10 faixas
são inteiramente improvisadas, e três são composições estabelecidas: “Gallop’s
Gallop” de Thelonious Monk (com a qual Davis
toma grandes liberdades harmônicas), a meditativa “Prayer” de Keith Jarrett e “Question” do próprio Revis.
Por outro lado, o trio faz arte dos rabiscos, com pouca aderência aos papéis
tradicionais. Revis está quase sempre solando, exceto quando está mantendo o
balanço (como ele faz no arco em “Sot Avast”); Cyrille desliza através da
bateria e pratos , nunca, efetivamente, mantendo uma batida (ele está
especialmente indócil em “Egon”) e Davis emprega um agressivo e percussivo
estilo que amplamente evita acordes e artifícios melódicos. A faixa título, que
encerra o disco, é uma peça empolgante de pontilhismo, com Revis utilizando
suave pizzicato, Davis tocando simples notas esparsas e Cyrille suavemente
ribombando.
Isto não é para dizer que o “City of Asylum” está sem falhas . A única grande falha é a etapa em que
Davis segue para acordes abundantes, estrondando os mesmos de forma excessiva
que não chega a bom termo em “St. Cyr”. Uma retomada deveria restabelecer a
ordem. Porém, isto dura de meio a um minuto em uma hora de projeto. No todo, o
novo disco de Revis é provavelmente o
disco mais interessante de trio de piano lançado em 2013.
Faixas
1 Vadim
4:07
2 Egon
5:13
3 Gallop's
Gallop 7:12
4 Sot
Avast 6:16
5 For
Bill Taylor 7:39
6 Prayer
4:39
7 St.
Cyr 8:28
8 Harry
Partch Laments the Dying of the Moon...And Then Laughs 3:09
9
Question 5:47
10 City
of Asylum 6:37
Fonte :
Steve Greenlee (JazzTimes)
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