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domingo, 26 de julho de 2015

DAVE LIEBMAN – CEREMONY

A mais distinta característica da música afrocaribenha , além de ser uma das maiores contribuições do idioma do jazz, tem sido a bateria. Se nós tomamos isto como um passo adicional, a tradição afrocubana de bateria tem tido o mais alto degrau de influência, e tem sido prontamente  identificável , desde a moda da dança latina do meado do século XX , que trouxe estes diversos e intricados ritmos para uma larga atenção. O notável mestre do saxofone no  jazz e um estudioso,  Dave Liebman , tem estado sintonizado na complexidade desta bateria ao longo de sua carreira, e pesquisou profundo nas suas conotações ritualísticas em “Ceremony”.

A gravação inicia com um par de rearranjos de Liebman para músicas de John Coltrane. Uma assombrosa flauta inicia "The Drum Thing" , trazendo a bateria batá que tem suas origens na reverenciada liturgia Yorubá . Liebman passa para o saxofone tenor em "Tunji", uma ode ao baterista africano Olatunji, e ele muda para seu principal suporte, o soprano, em  "Kulu Sé Mama". Embora não escrita por Coltrane, esta foi o título de um significativo álbum dele. O que a banda desenvolveu nesta gravação gira em torno da percussão , com o baixo de Oscar Stagnaro sendo o guia conexo que Liebman segue e entra em ação.

A propósito, a gravação de "Ceremony"  desenvolve uma trilogia e Liebman transformou-se num xamã. Não um amplo solista instrumental, mas uma parte integral do modo de chamada e resposta, que foi cuidadosamente criado pela pulsação da bateria de baixo hipnótico. "Ceremony: Morning" encontra-o tecendo em seu soprano, prestidigitando imagens de encantadores de serpentes  e caravanas no deserto, tal qual o sol levanta no  oriente. Em "Ceremony: Afternoon" , o passo é acentuado pelas congas declarando um hibridismo de bomba de Porto Rico e danzón  de Cuba, como os músicos congregam-se na preparação das festividades. Quando "Ceremony: Evening" surge, a percussão estabelece a atitude e o ato de sincopar para os ritmos da bateria se elevar.  O passo acelera, o sax soprano invoca o babalaô— o alto sacerdote da Santería— cantando louvores aos Orixás, tudo isto enquanto a noite continua.

"Tardes de Lindóia" traz Liebman de volta ao tenor para exibir sua formidável entonação e total domínio de uma balada. Ele retorna à flauta de madeira na conclusão de "Danza del Pájaro" , reminiscente da charanga de flautistas que acompanha o grupo de cubanos durante as festanças.

“Ceremony” é uma gravação muito interessante, bem como um dramático afastamento daquilo que é associado ao jazz e sua mais sofisticada instrumentação. Porém é engenhoso aquilo que Liebman foi buscar nos distantes sons primordiais e ritmos para demonstrar onde tudo começou. Ele retrata um profundo conhecimento do toque percussivo africano derivado dos ritos sagrados antes que fossem transformados nas seculares batidas da música popular. Como todos grandes artistas de jazz, o que ele faz não representa o que ele realiza para cativar a audiência. Ele deixa a bateria tomar posse do tempo e do espaço, segue com o fluxo e oferece uma excursão imaginativa dentro do exótico.

Faixas: The Drum Thing; Tunji; Kulu Sé Mama (Juno Sé Mama); Ceremony: Morning; Ceremony: Afternoon; Ceremony: Evening; Tardes de Lindóia; Danza del Pájaro.

Músicos: Dave Liebman: saxofones tenor e soprano, flauta de madeira; Willy Rodriguez: bateria, percussão; Paolo Stagnaro: congas, batá, cajón, percussão, Iyá (1); Gabo Lugo: congas percussão, Itótele (1); Marcos López: tímbales, percussão, Okónkolo (1); Oscar Stagnaro: baixo elétrico.

Gravadora: Chesky Records

Estilo : Jazz Moderno


Fonte : JAMES NADAL (AllAboutJazz) 

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