O cornetista Rob Mazurek e sua Black Cube SP gravou este disco em Maio de 2013, duas semanas após
a morte da mãe de Mazurek. A suíte foi concebida em sua memória. Os títulos das
músicas são tomados de um poema de Mazurek escrito para ela logo após seu
falecimento. Porém não espere sentimentalidade, nostalgia ou banalidades espirituais:
Mazurek e seus companheiros, mesclando instrumentos
fundamentais e eletrônica dentro de um redemoinho simultaneamente
claustrofóbico, apavorante e enriquecedor, criou nada menos que uma aura do
espírito , ou como ele mesmo descreveu “ uma jornada xamanística onde nós
clareamos sonoramente o caminho de minha
mãe para o desconhecido”.
Com é frequente em se tratando de Mazurek, é difícil
distinguir os instrumentos acústicos dos eletrônicos. Porém seu cornet, junto com o sax soprano e a
rabeca de Thomas Rohrer (um violino
brasileiro), tão bem quanto as traquitanas e pratos de Mauricio Takara e
Rogerio Martins e o ukulele como um
cavaquinho, dedilhado por Takara, são esporadicamente evidentes ao longo do
trabalho. “Let the Rain Fall Upwards” é uma densa coleção de entonações viradas
ao contrário que se alastra para a
intensidade de uma dança dervish; “Oh Mother (Angels’ Wings)” , do mesmo modo, conclui com um choque eletrônico violento,
como um teclado emulando uma gaita de fole gemendo e ofegando abaixo de uma cacofonia de grasnidos eletrônicos , balidos
e sons agudos metálicos. A peça final, “Reverse the Lightning”, termina
serenamente com um canto sem palavras como se fosse de um monge.
Recém-chegados deverão
estar confusos pela aspereza de um bocado de coisa que está aqui. Porém mesclar
iniciais improvisações livres e busca espiritual, de Coltrane a outros que vão
além, tem, similarmente, abraçado o paradoxo da busca redentora da elevação
espiritual através das fantasias sônicas que parecem provocar angústia e terror.
Faixas: Oh
Mother (Angel's Wings); Return the Tides; Let the Rain Fall Upwards; Reverse
the Lightning.
Fonte : David Whiteis (JazzTimes)
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