É uma satisfação ouvir um artista desenvolvido. Neste
quesito, Yelena Eckemoff tem atendido a
vocação definível só pela linguagem do espírito. A pianista e compositora russa
vem de um rigoroso treinamento clássico e dentro daqueles parâmetros tem
modelado um tranquilo, ainda que seguro, acervo de álbuns de jazz que se estende desde 2006 com “The Call”.
Desde estão ela tem reunido bandas com diferentes formações, acariciando ébanos
e marfins ao lado de Arild Andersen, Marilyn Mazur, Peter Erskine e muitos
outros nomes já estabelecidos. Em “ A Touch of Radiance” ela encontra a sublime companhia do tenorista Mark Turner, do vibrafonista Joe Locke, do baixista
George Mraz e do baterista Billy Hart. Com o estilo próprio do Yelena Eckemoff Quintet, eles criam uma estonteante
e delicada paisagem sonora.
Gravado no lendário Avatar
Studios , em Nova York, e apresentando as faixas, em média ,com sete
minutos , as dez composições inéditas do álbum exibe Eckemoff como um
democrático catalizador. Sua atmosfera possui integridade, não menos que toda
insinuação. Como tal, títulos como "Reminiscence" e
"Exuberance" não são meros descritores, mas reflexões de estados
emocionais mais complexos (Verdade que para organizar, Eckemoff providencia um poema no folheto do CD para cada faixa).Quant
a "Affection" , não é melodiosa
como se deve esperar , mas rumina nas sombras, dissonâncias cromáticas e age na
memória não como um quadro , mas como um filme insuficientemente revelado. Turner traz um
fluxo de rio para sua entonação singular, contrastando com as energias mais
brilhantes de Locke. "Pep", por outro lado, desperta chamas mais
peculiares. Estas centelhas através do toque de Yelena Eckemoff, que alcança, aqui,
brilho nodoso. Turner emociona em estrias, não em pilares, e outra vez
compartilha conversação adorável com o vibrafone de Locke.
Em absoluto se pode dizer que não há, abertamente, quaisquer
momentos programáticos. Faixas tais como "Reminiscence",
"Exuberance" e "Radiance" são exatamente o que elas
pretendem ser. A primeira destas é notável para o monólogo delicado de Hart, a
segunda para a arte de Mraz e a terceira
para o gotejar do piano de Eckemoff, brilhante e livre. E todas elas são
transportadas através de memórias da infância e inocentes passeios dentro de paragens, que alguém pode ficar cego na
maioridade.
Outras canções flutuam em algum lugar entre elas, alcançando
discernimento mais profundo no auge do álbum,
como "Reconciliation". Não só
é a mais fina realização de Eckemoff em estúdio, mas sua perfeita adequação da
melodia, espírito e magia obtida de seus colaboradores dentro da natureza de
cada um. Turner , em particular, fornece a amplitude de suas habilidades para
pequenos mundos através de abertura sem esforço , fazendo deles o seu próprio universo .
Os toques da líder são oferecidos nas seleções de bom gosto
nas viradas mais sombrias. Na enternecedora
"Imagination" e na mais
impressionista "Tranquility" , seu toque permanece suave e discreto, sempre
investido na beleza cotidiana . Como na abertura do álbum, "Inspiration",
ela encontra exatamente grande felicidade.
Ocupando a linha de
frente ou a retaguarda , ela é o suave adesivo que cola cada foto
terminada no diário que surge. Por isto,
o álbum é como um volume familiar que abraça cada músico, que adiciona ornamentos capazes de destravar a
curiosidade do ouvinte.
Faixas:
Inspiration; Reminiscence; Exuberance; Affection; Pep; Imagination;
Reconciliation; Tranquility; Encouragement; Radiance.
Músicos: Yelena Eckemoff: piano; Mark Turner:
saxofone tenor; Joe Locke: vibrafone;George Mraz: baixo; Billy Hart: bateria.
Fonte : TYRAN GRILLO (AllAboutJazz)
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